Mundo

Lula estabelece eixos centrais e diz que pretende incentivar participação popular no G20

Presidente participou de reunião da comissão nacional do G20; Brasil passará à presidência do grupo em dezembro

O presidente Lula (PT). Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

Na reunião de instalação da Comissão Nacional do G20, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que pretende reforçar a participação popular nas discussões da cúpula. “Não vamos deixar nenhum segmento da sociedade fora do debate do G20”, afirmou Lula, nesta quinta-feira 23.

A partir do próximo dia 1º de dezembro, o Brasil vai assumir a presidência do bloco que reúne as dezenove principais economias do mundo, além da União Europeia (UE) e a União Africana. Desde que o grupo passou a envolver chefes de Estado e de governo, essa será a primeira vez que o Brasil assumirá a presidência. Em novembro de 2024, o país vai realizar a reunião de Cúpula do G20, marcada para acontecer no Rio de Janeiro (RJ).

“Nós vamos fazer aqui um grande evento de participação popular. Nós vamos tentar envolver a sociedade brasileira, sem veto a qualquer segmento da sociedade, para participar e construir propostas para que a gente possa, ao terminar o G20, a gente ter algo concreto para que a gente possa dizer ao povo brasileiro e ao mundo que a gente vai começar a mudar”, afirmou Lula.

Os três temas do Brasil no G20

De acordo com Lula, a presidência do Brasil no G20, que vai até 2025, deverá ter como foco três temas centrais: a desigualdade, a transição energética e a reforma dos sistema de governança global. Sobre o último tópico, Lula aproveitou a reunião de hoje para criticar órgãos como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Não é possível que o Banco Mundial, o FMI e tantas outras instituições financeiras continuem funcionando como se nada estivesse acontecendo no mundo, como se estivesse tudo resolvido”, disse Lula. Segundo o presidente, em muitos casos as instituições emprestam dinheiro “não com o objetivo de salvar o país que está tomando dinheiro emprestado, mas para pagar dívida e não para produzir um ativo produtivo”. Confira o trecho da fala de Lula:

De acordo com o relatório anual do FMI, divulgado no último mês de agosto, o banco emprestou, desde o início da pandemia de Covid-19 e o fim do exercício de 2023, quase 300 bilhões de dólares a 96 países. Um dos casos mais emblemáticos, que data de 2018, é o empréstimo de 57 bilhões de dólares que o órgão fez à Argentina. Desde então o país vem sofrendo para cumprir as metas estabelecidas pelo FMI, o que tem gerado aumento na emissão de moedas e consequente crescimento da inflação. O caso foi citado por Lula na reunião de hoje.

Ainda tratando sobre os eixos da presidência do Brasil no G20, Lula afirmou que a “transição energética se apresenta para o Brasil como uma oportunidade” para “mostrarmos ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário à Humanidade” encontra no Brasil um “porto seguro”. 

Sobre a desigualdade global, Lula afirmou, por fim, que “não é mais humanamente explicável um mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, ter gente passando fome”. 

Segundo o relatório Panorama 2023, da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no último dia 9, cerca de 43 milhões de pessoas sofrem de fome na América Latina e no Caribe. Os números mais recentes apontam que houve um freio na tendência de crescimento da  fome na região, em comparação ao levantamento anterior, mas os números atuais seguem piores do que os registrados antes do início da pandemia.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo