Política

Lula: “Esses canalhas dizem que o desemprego é por conta da Dilma”

Em entrevista a CartaCapital, ex-presidente Lula sugeriu que PT deve disputar eleições de 2022: ‘Quatro anos é ofensa para quem perde’

Foto: Ricardo Stuckert
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu que seu partido deve lançar candidatura para disputar as eleições presidenciais de 2022, em declaração durante entrevista a Mino Carta, diretor de redação de CartaCapital, e Sergio Lirio, redator-chefe da revista. O petista está preso em Curitiba desde abril de 2018 e falou na quarta-feira 20.

Lula foi perguntado sobre sua avaliação em relação ao apoio da sociedade ao ministro da Justiça, Sergio Moro, mesmo após revelações do portal The Intercept Brasil. Segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Transporte (CNT), em parceria com o Instituto MDA, em 26 de agosto, 51% dos brasileiros acreditam que a Operação Lava Jato está beneficiando o país e 52% defendem que Moro deve permanecer no comando da pasta.

Em resposta, Lula afirmou que acredita na mudança de opinião dos brasileiros.

“Eu acho que a sociedade brasileira, na medida em que ela vai tendo informações, vai reagindo e mudando de posição. As pesquisas mostram que a sociedade brasileira está começando a enxergar o que está acontecendo. Até agora, esses canalhas dizem que o desemprego é por conta da Dilma [Rousseff, ex-presidente da República]. Eles se esquecem de dizer à opinião pública que, em dezembro de 2014, nós tivemos o menor desemprego da história do país”, comentou.

Em seguida, o petista deu a entender que sua legenda deve lançar candidatura para as eleições presidenciais de 2022. Segundo ele, o PT “tem que ter paciência” após a derrota que sofreu em 2018.

“A democracia tem um problema, porque, de vez em quando, você perde. E quando você perde, quatro anos é muito pouco para quem ganha, mas quatro anos é uma ofensa para quem perde. Então, o que o PT tem que ter é paciência, e ir mostrando para o Brasil que o país pode ser melhor. Nós precisamos trabalhar 24 horas por dia em arejar a cabeça da sociedade. Primeiro, para diminuir o ódio, segundo, para mostrar que o Brasil pode ser governado de forma diferenciada, e mostrar claramente quem é bandido nesse país”, disse.

Em outro trecho da entrevista, Lula foi perguntado se pretende ser candidato em 2022.

“Eu não sei. Veja, eu preciso sair daqui, saber como é que estou, como estão as forças políticas. Obviamente que tem um monte de gente de 40, 50, 60 anos que pode ser candidato e eu me contentaria em ser cabo eleitoral, não tem problema. Agora, se não tiver ninguém capaz de derrotar essa podridão da elite brasileira que governa esse país, pode ficar certo que o Lula estará no jogo”, afirmou.

O petista também disse que o ex-juiz da Lava Jato e Deltan Dallagnol, procurador da força-tarefa, mentiram nos processos que resultaram em sua prisão.

“Fui candidato muitas vezes, você nunca me viu em uma televisão dizendo que um candidato era ladrão. Você nunca me viu com agressividade. Por que eu sou agressivo contra o Moro e sou agressivo contra o Dallagnol, principalmente os dois? Porque eles construíram uma mentira. Eles inventaram várias histórias”, acusou.

Vazamentos de diálogos entre Moro e procuradores, noticiados pelo Intercept, mostram que o ex-juiz zombou da defesa de Lula enquanto conduzia o processo, sugeriu testemunhas aos acusadores, orientou produções de documentos e interferiu na composição da bancada da promotoria.

As mensagens também indicam que Dallagnol participou de reunião secreta com empresários para discutir as eleições de 2018, fez da Operação Lava Jato um negócio para lucrar com palestras e cogitou se candidatar ao Senado Federal.

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