Mundo
Lula endossa tom do Itamaraty e diz que caso de candidatura barrada na Venezuela é ‘grave’
Nos últimos dias, manifestação do governo sobre a eleição gerou reação da gestão de Nicolás Maduro


O presidente Lula (PT) classificou nesta quinta-feira 28 como “grave” o fato de que Corina Yoris não conseguiu registrar sua candidatura à Presidência da Venezuela. A votação ocorrerá em 28 de julho e o presidente Nicolás Maduro buscará o terceiro mandato.
Yoris seria a candidata apoiada por María Corina Machado, inabilitada a exercer cargos públicos por 15 anos. A Plataforma Unitária Democrática decidiu, então, indicar “provisoriamente” González Urrutia, devido à “clara impossibilidade de inscrever até o momento a candidatura eleita”.
“Eu fiquei surpreso com a decisão. Primeiro a decisão boa, da candidata que foi proibida de ser candidata pela Justiça [Corina Machado], de indicar uma sucessora [Yoris]. Achei um passo importante. Agora, é grave que a candidata não possa ter sido registrada”, disse Lula nesta quinta. “Ela não foi proibida pela Justiça.”
As declarações foram concedidas em Brasília, após uma cerimônia de recepção ao presidente da França, Emmanuel Macron.
“O dado concreto é que não tem explicação”, resumiu Lula. “Não tem explicação jurídica, política, você proibir um adversário de ser candidato.”
Na última terça 26, o Ministério das Relações Exteriores afirmou acompanhar com “expectativa e preocupação” o processo eleitoral na Venezuela e avaliou que o impedimento à candidatura de Yoris “não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial”.
Horas depois, o chanceler venezuelano, Yvan Gil, publicou uma nota de repúdio ao comunicado, classificado por ele de “cinzento e intervencionista, redigido por funcionários da chancelaria brasileira, que parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”. Segundo Gil, o texto apresenta “comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela”.
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