Política

Lula diz que PT deve voltar para a periferia e se aproximar de evangélicos

Ex-presidente também descartou Fernando Haddad para disputa à prefeitura de São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Instituto Lula
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que o seu partido volte a atuar nas periferias e busque aproximação com as igrejas, principalmente, as evangélicas. O petista falou sobre o tema em entrevista ao site UOL, publicada neste domingo 26.

Segundo Lula, o PT sempre teve católicos e evangélicos progressistas entre seus quadros, como a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). No entanto, com o passar do tempo, a reconfiguração dos direitos trabalhistas e as novas tecnologias tornaram a organização popular mais difícil.

A partir disso, segundo ele, as igrejas desempenham um papel de oferecer uma “saída espiritual” ao brasileiro que está desempregado ou passa por necessidades.

“Tenho dito que o PT precisa voltar para a periferia para aprender a conviver com esse movimento. O que é a Igreja Pentecostal, hoje, no Brasil? O que eles representam? Já são 30% ou 35% da população religiosa. No começo do século passado, era praticamente zero. E o pentecostal da prosperidade tem uma linguagem fácil para conversar com o povo. Porque você tem, de um lado, o autor de todos os problemas, que é o diabo, e a solução toda, que é Deus. E se não tiver solução, o cara é culpado porque não tem fé”, defendeu.

O ex-presidente afirmou que, em períodos de precariedade, o brasileiro tem fé maior na religião. Ele diz que, enquanto estava na cadeia, assistia a cultos evangélicos na televisão para compreender como os líderes das igrejas atuam hoje.

“Eu assisti, na cadeia, a muito culto, muita gente rezando. E eles estão entrando na periferia, porque o povo, quando está desempregado e necessitado, a fé dele aumenta”, disse. “Acho que o papel do Estado é ser laico, não ter uma posição religiosa. Mas o que o PT tem que entender é que essas pessoas estão na periferia, oferecendo às pessoas pobres uma saída espiritual, uma saída que mistura a fé com o desemprego, com a economia.”

Lula afirmou também que o PT deve olhar para a periferia porque ela está entre a igreja e o tráfico.

“As pessoas estão ilhadas na periferia, sem receber a figura do Estado. E recebem quem? De um lado, o traficante que está na periferia. De outro lado, a Igreja Evangélica, a Igreja Católica, que também tem uma atuação forte ainda”, disse.

Lula descarta Haddad para eleições 2020

Ao comentar sobre as perspectivas do PT para as eleições municipais de 2020, Lula disse que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad não está na lista de possibilidades do partido na cidade.

O ex-presidente cogita os nomes do vereador Eduardo Suplicy, do ex-vereador Nabil Bonduki, dos deputados federais Carlos Zarattini e Alexandre Padilha e do vice-presidente do diretório paulista, Jilmar Tatto.

“O PT tem o Haddad, que não quer ser porque já foi. O Haddad é um quadro muito importante, tem uma tarefa nacional e internacional importante para o PT. Acho que está correto em não querer ser candidato. O partido tem que lançar outras pessoas, tem muita gente. Tem o Zarattini, tem o Jilmar Tatto, o Padilha, o Suplicy, o Nabil”, afirmou. “Existe uma periferia vermelha aqui em São Paulo que o PT pode, tranquilamente, recuperá-la e ter 30% dos votos.”

Em Recife, capital de Pernambuco, Lula afirmou que a sigla não pode abrir mão de uma candidatura própria e reforçou o nome da deputada federal Marília Arraes (PT-PE). Caso ela perca no primeiro turno, ele sugere a possibilidade de que Marília apoie João Campos (PSB-PE), filho de Eduardo Campos, ou outro candidato que faça aliança com a legenda.

“O PT não pode abrir mão de ter uma candidatura própria em Recife. Quando chegar em 2022, o PSB vai pedir outra vez para o PT não ter candidato a governador depois de quatro mandatos? Será que o PT não pode ter a oportunidade de ter candidatura própria? O PT vai ter candidatura própria, a Marília deve ser candidata do PT”, disse. “Isso vale para Fortaleza, João Pessoa, Natal, Salvador.”

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