Política
Lula defende respeito ‘a todas as religiões’ e diz que Bolsonaro ‘usa o nome de Jesus para enganar’
O ex-presidente se reuniu com empregadas domésticas em São Paulo e defendeu participação ativa de seus eleitores contra uma ‘fábrica de mentiras’


O ex-presidente Lula, candidato do PT ao Palácio do Planalto, voltou neste domingo 4 ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, em São Bernardo do Campo. Ele se reuniu com empregadas domésticas, recebeu uma carta de reivindicações e, além de apresentar propostas, pediu que seus eleitores se mantenham atentos para combater a disseminação de notícias falsas por Jair Bolsonaro (PL).
Lula voltou a fazer um aceno aos evangélicos, uma parcela do eleitorado que, de acordo com as pesquisas de intenção de voto, é majoritariamente favorável a Bolsonaro. Segundo levantamento Datafolha divulgado em 1º de setembro, o ex-capitão venceria por 48% a 32% entre evangélicos, enquanto o petista triunfaria por 51% a 28% entre os católicos.
“A maior mentira que ele conta é avocar o nome de Jesus toda hora. Vocês sabem, nos olhos dele, que ele está mentindo. Usa o nome de Jesus em vão para tentar enganar a boa-fé dos cristãos deste País“, afirmou Lula em seu discurso. “O Estado não tem religião, não pode ter religião. Precisa tratar todas as religiões com respeito.”
Lula reforçou a lembrança de que os governos do PT foram responsáveis por sancionar a lei que garante personalidade jurídica às organizações religiosas, instituir o Dia Nacional da Marcha para Jesus e sancionar a lei que criou o Dia Nacional do Evangélico.
Ele pediu que seus eleitores utilizem o celular e aplicativos como o WhatsApp “para não deixar que a mentira corra” e relembrou a “fábrica de mentiras” do bolsonarismo contra o candidato petista à Presidência em 2018, Fernando Haddad.
Na conversa deste domingo, Lula disse não ter o objetivo de fazer com que “a filha da empregada doméstica prejudique o filho do patrão dela”, mas que ambos tenham “a mesma oportunidade de disputar uma vaga com qualquer outra pessoa do mundo”.
“Para que a pessoa tenha chance de disputar, a primeira coisa a ter é comida. Se a gente não comer, parte da inteligência da gente desaparece. É importante que as crianças pobres tomem café bem, almocem bem, jantem bem. Que a merenda na escola não seja um prato de algo que não tenha caloria nem proteína.”
O ex-presidente, líder das pesquisas de intenção de voto, também defendeu a necessidade de elevar o nível do ensino fundamental público no País. Este é, segundo ele, o caminho para trazer de volta às escolas públicas uma classe média que paga, “sem prazer”, para matricular os filhos em colégios privados.
Lula voltou a se comprometer com a recriação do Ministério da Mulher e a manutenção do Auxílio Brasil de 600 reais. Pelas regras atuais, estabelecidas com a aprovação da PEC Eleitoral pelo Congresso Nacional, o benefício turbinado para tentar dar sobrevida à campanha de Bolsonaro termina em dezembro de 2022.
A proposta do Orçamento de 2023 enviada pelo governo federal ao Congresso no fim de agosto não apresenta previsão de aumento para o Auxílio Brasil. O valor médio incluído no texto é de 405 reais.
No ABC Paulista, o petista tornou a afirmar que os beneficiários devem sacar os 600 reais para comprar o que for necessário, mas indicou que isso não deve se converter em votos para Bolsonaro.
“É preciso a gente se preparar para não cair na mentira, porque fariseu mente”, prosseguiu. “E a gente não pode acreditar nessas mentiras, ou vamos amargar o pão que o diabo amassou no próximo período.”
A pesquisa Datafolha realizada nesta semana aponta que Lula mantém ampla vantagem sobre Bolsonaro entre eleitores que recebem o Auxílio Brasil.
Segundo o levantamento, o ex-presidente tem 56% das intenções de voto entre beneficiários do programa, contra 28% do atual ocupante do Palácio do Planalto. São os mesmos números da rodada anterior, publicada em 18 de agosto.
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