Política

Lula defende que Brasil seja ‘Arábia Saudita da energia verde’ em dez anos

Em passagem pela Arábia Saudita, presidente defende investimentos em energia renovável

O presidente Lula (PT). Foto: Jim Watson/AFP
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Às vésperas do início da Conferência da Organização das Nações Unidos (ONU) para o Clima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta quarta-feira 29, da sessão de encerramento da mesa redonda Brasil-Arábia Saudita. Na conferência realizada em Riad, na capital saudita, Lula defendeu a parceria entre os dois países para o desenvolvimento de fontes energéticas renováveis.

“Se a Arábia Saudita é o país mais importante na produção de petróleo, de gás, daqui a dez anos, o Brasil será chamado de ‘Arábia Saudita da energia verde e renovável'”, afirmou Lula, ressaltando que tem como meta acabar com o desmatamento na Amazônia até 2030.

Tratando do processo de transição energética, Lula defendeu o fortalecimento do comércio entre os dois países, incentivando o empresariado brasileiro a comprar. “Não é apenas saber quanto que o Fundo da Arábia Saudita pode investir no Brasil, mas saber também quanto que os empresários brasileiros podem investir. É essa troca, esse novo jeito de fazer política externa que pode mudar um pouco a fase do comércio mundial”, disse Lula. “Nós não queremos apenas vender, nós queremos comprar”, destacou o presidente.

Nesse contexto, a parceria resulta, também, das necessidades dos dois países. Os investimentos árabes para a produção de energia limpa no Brasil passam pelo Fundo Soberano Saudita, uma fonte de recursos específica para o mercado de energia renovável. 

Do ponto de vista saudita, os investimentos são importantes para a obtenção de crédito de carbono, um mecanismo que pode servir para compensar os efeitos da produção de petróleo árabe no meio ambiente.

Na fala de hoje, Lula aproveitou para indicar que sejam feitos “investimentos cruzados entre a Petrobras e empresas sauditas para a produção de fertilizantes”. Segundo o presidente brasileiro, a ideia seria “dar uma garantia ao mundo com a incerteza criada pela guerra da Rússia na Ucrânia“. 

Acordo com a Embraer

A curta passagem da comitiva brasileira na Arábia Saudita não ficou restrita ao discurso. Nesta quarta-feira 19, a Embraer anunciou três acordos de cooperação com a Arábia Saudita e empresas sauditas.

De acordo com a fabricante de aviões, os acordos são:

1) Cooperação e Parcerias com o governo saudita (Ministério de Investimento da Arábia Saudita e o Gaca, a autoridade aeronáutica saudita);

2) Memorando de entendimento com a Sami, empresa saudita de Defesa;

3) Memorando de entendimento da EVE, o “carro voador”, com a FlyNas, sobre operações de táxi aéreo naquele país.

O governo informou que os acordos “permitirão às empresas estabelecer diversas linhas de colaboração e iniciativas conjuntas, públicas e privadas, expandindo oportunidades de investimento e parcerias com a indústria local, além de incrementar exportações a partir do Brasil”.

Ainda ontem, Lula se reuniu com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman. Na pauta do encontro, estava a possibilidade de contribuição do país do Oriente Médio à Conferência do Clima (COP30), em 2025, que acontecerá no Brasil. Um dos interesses do Brasil passa, também, pela aplicação de recursos do Fundo Soberano em áreas de investimento no país.

Na tarde desta quarta-feira o presidente embarca para Doha, no Catar. No país árabe, Lula terá encontro com o emir Tamim bin Hamad al-Thani. A repatriação de brasileiros e palestinos será um dos temas tratados no encontro. De lá, o petista segue para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para participar da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP28.

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