Política

Lula, câmera e ação

O pragmatismo é invencível. Essa é a nossa história política

Seja como for, percebe-se que a política brasileira está definitivamente impregnada pelo estilo Big Brother. É cada vez mais difícil escapar das câmaras e gravadores da imprensa e dos arapongas. Foto: José Cruz/Abr
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Muito já se disse sobre o minuto e meio de glória ou desgraça negociado pelo ex-presidente Lula com o deputado federal Paulo Maluf e com o candidato à Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad. Eu mesmo, no artigo , explorei o fato e, como era de se esperar, surgiram novas reações com cobranças de coerência e respeito à história do principal personagem envolvido. Por outro lado, existe um movimento crescente de defesa do pragmatismo, capaz de produzir mais benefícios do que prejuízos.

Seja como for, percebe-se que a política brasileira está definitivamente impregnada pelo estilo Big Brother. É cada vez mais difícil escapar das câmaras e gravadores da imprensa e dos arapongas. Tem até especialista em leitura labial a serviço de quem queira descobrir o cochicho do adversário, mesmo os mais discretos sussurros de pé de ouvido.

Ainda há pouco, o deputado Candido Vaccareza (PT-SP) foi flagrado mandando uma mensagem para o governador fluminense Sergio Cabral em plena reunião da CPMI do Cachoeira. Estava quieto, na moita, digitando no seu telefone, tranquilizando o companheiro, garantindo sua blindagem. Mas não teve jeito: minutos depois estava em cadeia (não naquela, não naquela!) nacional.

Mas nem mesmo em Paris se pode jantar sossegado brindando uma champagne com o dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish. Tem sempre algum deslumbrado, que tira uma foto da mesa para fazer inveja a alguém, e ainda lança insinuações maldosas sobre o que não passou de um alegre encontro de amigos.

Fora isso, existem os riscos paralelos: jardineiros, motoristas e garçons que estão sempre por perto. E não esqueçamos das perigosíssimas confissões de alcova e do incontrolável desejo da maioria dos políticos de revelar um grande segredo guardado a sete chaves. Não existe demonstração maior de poder. Portanto, no final, e, hoje, quase em tempo real, todo mundo fica sabendo.

Então, qual seria a solução? Deixar a grama crescer e despedir os jardineiros? Dirigir o próprio carro? Conter os desejos sexuais e verborrágicos? Isso não seria nada fácil. Mas, abandonar os hábitos enraizados de conluios e da escolha dos melhores atalhos para chegar – ou permanecer – no poder, seria muito mais difícil.

Portanto, não adianta correr do bicho (e não se fala aqui da atividade, digamos, quase formal do dr. Cachoeira). Esse bicho não vai pegar ninguém se lhe for garantido um osso bem suculento. O pragmatismo é invencível! Aliás, essa é a nossa história política. Todos esses personagens não fizeram nada de novo.

Muito já se disse sobre o minuto e meio de glória ou desgraça negociado pelo ex-presidente Lula com o deputado federal Paulo Maluf e com o candidato à Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad. Eu mesmo, no artigo , explorei o fato e, como era de se esperar, surgiram novas reações com cobranças de coerência e respeito à história do principal personagem envolvido. Por outro lado, existe um movimento crescente de defesa do pragmatismo, capaz de produzir mais benefícios do que prejuízos.

Seja como for, percebe-se que a política brasileira está definitivamente impregnada pelo estilo Big Brother. É cada vez mais difícil escapar das câmaras e gravadores da imprensa e dos arapongas. Tem até especialista em leitura labial a serviço de quem queira descobrir o cochicho do adversário, mesmo os mais discretos sussurros de pé de ouvido.

Ainda há pouco, o deputado Candido Vaccareza (PT-SP) foi flagrado mandando uma mensagem para o governador fluminense Sergio Cabral em plena reunião da CPMI do Cachoeira. Estava quieto, na moita, digitando no seu telefone, tranquilizando o companheiro, garantindo sua blindagem. Mas não teve jeito: minutos depois estava em cadeia (não naquela, não naquela!) nacional.

Mas nem mesmo em Paris se pode jantar sossegado brindando uma champagne com o dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish. Tem sempre algum deslumbrado, que tira uma foto da mesa para fazer inveja a alguém, e ainda lança insinuações maldosas sobre o que não passou de um alegre encontro de amigos.

Fora isso, existem os riscos paralelos: jardineiros, motoristas e garçons que estão sempre por perto. E não esqueçamos das perigosíssimas confissões de alcova e do incontrolável desejo da maioria dos políticos de revelar um grande segredo guardado a sete chaves. Não existe demonstração maior de poder. Portanto, no final, e, hoje, quase em tempo real, todo mundo fica sabendo.

Então, qual seria a solução? Deixar a grama crescer e despedir os jardineiros? Dirigir o próprio carro? Conter os desejos sexuais e verborrágicos? Isso não seria nada fácil. Mas, abandonar os hábitos enraizados de conluios e da escolha dos melhores atalhos para chegar – ou permanecer – no poder, seria muito mais difícil.

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