Política

Lula associa Bolsonaro a milicianos, chama Moro de canalha e ataca Trump

Em São Bernardo, Lula pediu perícia para caso Marielle e defendeu protestos no Chile

O ex-presidente Lula, durante discurso em São Bernardo do Campo (SP). Foto: Reprodução/TVT
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Em discurso na cidade de São Bernardo do Campo (SP), neste sábado 9, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atacou o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), o ministro da Justiça, Sergio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O petista foi solto na sexta-feira 8, um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) adotar posição contrária à prisão-pena após condenação em 2ª instância.

Já no início do discurso, Lula afirmou que seus acusadores na Operação Lava Jato “mentiram”, que Moro agiu como “canalha” na condução do processo e que Dallagnol “montou uma quadrilha na força-tarefa”. Ele disse que não fugiu antes de ser preso porque “seria tratado como fugitivo” e que queria provar a suspeição do então juiz.

“Eu poderia ter ido a uma embaixada ou a outro país, mas eu tomei a decisão de ir à Polícia Federal porque eu precisava provar que o juiz [Sergio Moro] não era juiz, era um canalha que estava me julgando. Eu preciso provar que o [Deltan] Dallagnol não representa o Ministério Público, que é uma instituição séria. O Dallagnol montou uma quadrilha com a força-tarefa da Lava Jato, inclusive para roubar dinheiro da Petrobras e das empreiteiras. E os delegados que fizeram inquérito contra mim mentiram em cada palavra que escreveram”, declarou.

Momentos depois, o ex-presidente atacou Bolsonaro e contestou a atuação do clã rival nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. O petista disse que não brigará por impeachment de Bolsonaro, mas acusou-o de “governar para milicianos”.

“Estão falando em impeachment. Democraticamente, aceitamos o resultado da eleição. Mas Bolsonaro foi eleito para governar para o povo brasileiro. Ele não foi eleito para governar para os milicianos do Rio de Janeiro. Ele não pode fazer investigação do que eles fizeram para matar a Marielle. Não é a gravação do filho dele que vale. É preciso que haja uma perícia séria”, afirmou.

 

Em outro trecho, Lula defendeu os protestos no Chile e afirmou que a reforma da Previdência, proposta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, tem como projeto o modelo de aposentadoria que provocou revolta no país vizinho. O petista também saudou a dupla eleita à presidência na Argentina, Alberto Fernández e Cristina Kirchner, que, para ele, simbolizou a derrota do projeto neoliberal representado por Maurício Macri.

Em comentário sobre a Bolívia, Lula afirmou que o presidente Evo Morales foi reeleito de forma legítima e contrariou a tese de que houve fraude nas urnas. Segundo ele, a direita boliviana não quer aceitar o resultado eleitoral, “assim como o Aécio Neves fez com a Dilma em 2014”, declarou.

Lula também criticou os assédios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na política da Venezuela.

“Temos que ser solidários ao povo da Venezuela. É normal que cada um possa ter crítica a qualquer governo no mundo. Mas quem decide é o povo desse país. O Trump que resolva o problema dos americanos e não encha o saco dos latinoamericanos. Ele não foi eleito para ser xerife do mundo. Ele que cuide da pobreza lá”, afirmou.

O petista anunciou que fará um novo pronunciamento daqui a 20 dias e disse que apostará nas eleições presidenciais de 2022 para derrotar “a ultradireita”. Ele também reforçou o teor do pedido de habeas corpus feito à Justiça, em que acusa Moro de suspeição na condução dos processos da Lava Jato.

“Só tem uma explicação para o que o Moro fez. Foi para me tirar da disputa eleitoral”, afirmou. “Se a gente souber trabalhar, em 2022 a chamada esquerda que o Bolsonaro tem medo vai derrotar a ultradireita.”

Lula esteve preso por 580 dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), por determinação do então juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro, no processo do tríplex do Guarujá (SP). Hoje ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PSL), Moro foi responsável pela condenação do petista em 1ª instância, em julho de 2017. No mesmo processo, Lula foi condenado em 2ª instância pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em janeiro de 2018. Após a decisão do TRF-4, Moro determinou a prisão do ex-presidente.

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