Política
Lula amplifica conversas para emplacar o PT na vice de Paes; Anielle é favorita
O prefeito vem indicando, contudo, que deseja dar a vaga de vice a uma pessoa de dentro de seu grupo político
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou o ritmo das conversas com aliados e lideranças do PT no Rio de Janeiro sobre a viabilidade da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) como vice do prefeito Eduardo Paes (PSD) nas eleições municipais deste ano.
De acordo com relatos feitos a CartaCapital, o petista passou a conversar com interlocutores sobre o assunto após uma agenda na cidade, há duas semanas. O pontapé nas tratativas foi dado durante um convescote preparado por Paes na Gávea Pequena, residência oficial do prefeito – no jantar, o presidente teria manifestado o desejo de ver o PT na vice da chapa de Paes.
Em dezembro, Lula já havia indicado a aliados que gostaria de ver Anielle na chapa do pessedista.
Nos últimos dias, pessoas próximas ao presidente passaram a sondar lideranças do diretório fluminense sobre a possibilidade de indicação da ministra para o posto. Entre os seus auxiliares escalados para a tarefa estão o ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e o ex-ministro Gilberto Carvalho, hoje assessor no Ministério do Trabalho.
Segundo apurou a reportagem, a secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, também foi ao Rio para tratar do assunto. Existe a expectativa de que Lula volte a discutir a sucessão de Paes nesta semana, durante uma agenda na cidade.
Anielle deve se filiar ao partido na próxima sexta-feira, 23 de fevereiro. Ela conta com apoio da primeira-dama Rosângela Silva, de quem a ministra é próxima – sob reserva, dirigentes petistas afirmam que a ideia de considerar seu nome como vice foi apresentada por Janja.
Irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em 2018, a ministra da Igualdade Racial é vista por lideranças partidárias como trunfo para a disputa pela sua projeção nacional, além da aproximação com temas como racismo e direitos humanos. Sua entrada no páreo pela vice, por outro lado, ampliou a irritação de alguns petistas, que já trabalhavam com outros nomes.
Entre os postulantes avaliados para o posto também estão a vereadora Tainá de Paula (que chefia a secretaria de Meio Ambiente), o secretário Adilson Pires (Assistência Social) e o ex-presidente da Assembleia Legislativa fluminense, André Ceciliano.
Procurada por CartaCapital, Anielle Franco não comentou o assunto.
Apesar de reivindicar espaço na chapa de Paes, o PT ainda terá o desafio de convencê-lo a escolher um nome fora do seu grupo político. Com a pretensão de disputar o governo do Rio em 2026, o prefeito vem indicando que deseja dar a vaga de vice a uma pessoa de total confiança.
Nos bastidores, o deputado federal Pedro Paulo (PSD) desponta como o “vice dos sonhos” de Paes, por terem uma relação de proximidade há anos. Aliados do gestor também citam para o posto o advogado Felipe Santa Cruz (secretário de Governo) e o médico Daniel Soranz, atual secretário municipal de Saúde.
Vice-presidente do PT, o deputado Washington Quaquá reconheceu as resistências em torno da composição e defendeu que o partido deixe de pleitear a vaga, com objetivo de amarrar uma aliança para as eleições presidenciais em 2026.
“A prioridade é a reeleição do Lula em 2026. O Eduardo Paes deve deixar a prefeitura para disputar o governo, portanto, vai escolher alguém da sua confiança”, afirmou.
A relação entre o PT e Paes ganhou novos contornos durante o pleito em 2022. Desde 2021, Lula e o prefeito tentavam costurar a construção de um palanque único na disputa pelo governo do Rio de Janeiro. As negociações, contudo, não avançaram.
À época, o petista se engajou na campanha de Marcelo Freixo, à época no PSB, enquanto o pessedista lançou Rodrigo Neves (PDT) na corrida ao Palácio da Guanabara. No segundo turno, porém, Paes mobilizou auxiliares e trabalhou para frear o bolsonarismo no estado – com os acenos do prefeito, o PT decidiu retornar à administração municipal em janeiro de 2023.
Com 36,2%, Eduardo Paes lidera as intenções de voto no Rio, segundo uma pesquisa Atlas Intel divulgada em 31 de dezembro. O prefeito é seguido pelos deputados federais Alexandre Ramagem (PL), com 19,1%, e Tarcísio Motta (PSOL), com 17,8%.
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