Política

Lula 2026? Dança das cadeiras no bolsonarismo turbina discurso presidencial pró-reeleição

O presidente afirmou estar disposto a concorrer para barrar ‘trogloditas’. Bolsonaro não estará na urna, mas terá um representante

Lula 2026? Dança das cadeiras no bolsonarismo turbina discurso presidencial pró-reeleição
Lula 2026? Dança das cadeiras no bolsonarismo turbina discurso presidencial pró-reeleição
O presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Nesta terça-feira 18, o presidente Lula (PT) voltou a manifestar seu interesse em buscar um novo mandato em 2026. Disse, em entrevista à Rádio CBN, estar disposto a ser candidato para evitar que “os trogloditas que governaram este País voltem a governar”.

Lula não mencionou nominalmente Jair Bolsonaro (PL), mas falou em evitar que o Brasil “volte a ser governado por um negacionista, como já tivemos” – embora o ex-presidente, ao menos por ora, esteja inelegível. O petista não deixou, porém, de citar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos favoritos a erguer a bandeira do bolsonarismo nas eleições presidenciais.

“Como é que ele encontrou com o Tarcísio numa festa? A festa foi do Tarcísio pra ele. Foi uma homenagem que o governo de São Paulo fez pra ele”, disse o petista, em crítica ao presidente do BC Roberto Campos Neto. “Certamente porque o governador de São Paulo está achando maravilhoso uma taxa de juros de de 10,5%.”

Se por “troglodita” Lula compreende o conjunto do bolsonarismo, provavelmente encontrará razões para concorrer ao quarto mandato. As pesquisas de opinião pós-eleição de 2022 confirmam a competitividade de aliados de Bolsonaro – e não há razão concreta para supor que o cenário mudará drasticamente até a próxima ida às urnas.

Desde o início de sua terceira passagem pela Presidência, Lula modula as declarações sobre 2026. Em julho do ano passado, por exemplo, afirmou considerar “um estímulo” o fato de Joe Biden concorrer à reeleição contra Donald Trump nos Estados Unidos. Biden tem 81 anos; Lula, 79.

Um mês depois, o Diretório Nacional do PT divulgou uma resolução a defender oficialmente a reeleição de Lula.

No partido, à exceção das duas vitórias de Dilma Rousseff, só Fernando Haddad “substituiu” Lula em uma disputa presidencial desde 1989 – e apenas porque a Justiça barrou a candidatura do então ex-presidente em 2018.

O flerte com uma nova contenda eleitoral contrasta, porém, com o que Lula projetava em 2022. No início de julho daquele ano, pouco antes de começar a campanha, ele disse: “Quando chegar 31 de dezembro de 2026, que a gente for entregar esse mandato para outra pessoa, este País estará bem”.

Dias depois, reforçou: “Vou estar com 81 anos, cara. Eu não quis um terceiro mandato quando o PT queria aprovar o terceiro mandato, que eu tinha 87% de bom, eu não quis o terceiro mandato”.

Parte da frente ampla que se formou em torno do petista para barrar Bolsonaro em 2022 imaginava um cenário em que, após este mandato, a extrema-direita não teria o mesmo fôlego e seria possível retomar algum grau de normalidade nas urnas. Uma parcela do MDB, por exemplo, não escondia o plano de lançar mais uma vez Simone Tebet ao Palácio do Planalto. Essa previsão, no entanto, não se confirmou.

Um levantamento divulgado pelo Paraná Pesquisas no fim de maio apontou um forte desempenho da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) em uma eventual batalha contra Lula. Tarcísio, um pouco atrás, também se mostrou competitivo.

“Presta atenção: se for necessário ser candidato para evitar que os trogloditas que governaram este País voltem a governar, pode ficar certo que meus 80 anos virarão 40 e virarei candidato”, reforçou Lula nesta terça, antes de ponderar: “Mas não é a primeira hipótese”.

O presidente não desenvolveu sua reflexão sobre qual seria “a primeira hipótese”, mas no PT não se discute qualquer outra saída a não ser contar com Lula nas urnas mais uma vez. Apesar disso, em entrevista a CartaCapital em maio, o ex-ministro José Dirceu alertou para a necessidade de começar a pensar em um novo horizonte. “Além da eleição deste ano, é importante no ano que vem a renovação das direções do partido, para fazer um balanço deste momento no mundo, de como podemos conduzir o Brasil e reeleger o Lula e, também, um balanço da democracia.”

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