Luís Miranda diz à PF que Pazuello ligou Lira a ‘pixulé’

O general teria afirmado que Lira 'botou o dedo' em sua cara: 'Porque eu não quis liberar a grana para listinha que ele me deu'

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados. Foto: Alan Santos/PR

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Em depoimento à Polícia Federal, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) afirmou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ameaçou pedir a Jair Bolsonaro a demissão do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, caso ele não liberasse emendas para parlamentares.

 

 

O depoimento foi prestado no âmbito do inquérito que apura se Bolsonaro cometeu o crime de prevaricação ao não agir após ser informado por Miranda sobre um possível esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin. Detalhes da oitiva foram divulgados nesta terça-feira 3 pelo jornal O Estado de S.Paulo.

À PF, Luís Miranda declarou ter ouvido de Pazuello que havia “sacanagem” no Ministério da Saúde desde a sua chegada à pasta. O parlamentar disse ter perguntado a Pazuello quem seria o “cara” que o pressionava. O general, então, teria respondido: “O Arthur Lira, porra, o Arthur Lira botou o dedo na minha cara e falou assim: ‘Eu vou te tirar dessa cadeira’. Porque eu não quis liberar a grana para listinha que ele me deu dos municípios, lugares que ele queria que recebessem. Ele bota o dedo na minha cara”.


A seguir, Miranda afirma ter perguntado a Pazuello se Bolsonaro sabia da pressão. O então ministro teria dito: “Lógico que o presidente sabe, falei para o presidente”. Adiante, teria emendado: “Luís, eu não duro essa semana, eu tô fora. Eles vão me tirar, cara. O cara falou que vai me tirar”.

Naquele momento, segundo Miranda, Pazuello declarou que a pressão de Lira estava relacionada ao “pixulé”. “Eu falei: ‘Ah, isso, então, é aquele desabafo que você fez do ‘pixulé’”. Pazuello teria respondido: “É, porra. É aquela história lá que eu falei, o negócio do tal do pixulé”.

Em nota à imprensa, Lira afirmou que as declarações de Miranda devem ser respondidas por Pazuello. Já “sobre as demais informações propagadas, o deputado deverá responder no foro adequado, o Conselho de Ética [da Câmara]”.

 

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