Em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse do novo presidente da República, Brasília era novamente sacudida por uma multidão. Milhares de cidadãos de verde e amarelo, apoiadores de Jair Bolsonaro que não aceitavam a vitória de Lula, tomaram a Praça dos Três Poderes e deixaram um rastro de destruição.
A magnitude do ato e a potência destruidora acenderam todas as luzes vermelhas: aquele episódio bárbaro mostrava que as forças articuladoras de desinformação, consolidadas em um ecossistema potente durante os anos Bolsonaro, não estavam apaziguadas com a vitória de Lula. Ao contrário, estavam fortemente em ação. Caravanas de vários estados chegaram em Brasília naquele fim de semana, na manhã de domingo. Gente comum, idosos, jovens, adultos, crianças, todos foram convocados para a “Festa da Selma” e compareceram. Vovós enlouquecidas com medo do comunismo e a depredar o espaço público, mães com crianças de verde e amarelo bradando e quebrando coisas, jovens destruindo o patrimônio público. Gente comum enfurecida pelo ódio destilado nas redes, pelas narrativas de desinformação que tomaram conta do Brasil nos últimos cinco anos. Nada daquilo era aleatório ou fruto de insatisfação: a destruição e os discursos enfurecidos eram resultado da poderosa arquitetura de desinformação estrategicamente organizada nos anos Bolsonaro.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login