Política

Livros de instituto neoliberal podem ir para bibliotecas, diz Prefeitura

Secretaria de Comunicação afirma que doações do Instituto Mises Brasil, aceitas pelo prefeito João Doria, não irão para escolas

Livros de instituto neoliberal podem ir para bibliotecas, diz Prefeitura
Livros de instituto neoliberal podem ir para bibliotecas, diz Prefeitura
Instituto fez oferta a "alunos", e Doria aceitou: "Aprender economia é essencial na vida das pessoas"
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Após a publicação da reportagem “Crítico da ‘doutrinação’, Doria distribuirá livros de Mises a escolas”, que foi ao ar na manhã desta quinta-feira 6 no site de CartaCapital, a Prefeitura de São Paulo informou que a oferta de doação de 5 mil livros, feita pelo Instituto Mises, está sendo discutida no âmbito da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas.

No dia 28 de março, o Instituto Mises Brasil ofereceu, por meio de uma postagem no Facebook, a doação das obras “para ajudar os alunos da rede pública de São Paulo a aprender lições básicas de economia desde pequenos”.

No dia seguinte, Doria aceitou a contribuição. “Ficamos muito felizes com sua iniciativa. Aprender economia é essencial na vida das pessoas”, respondeu o prefeito por meio seu perfil pessoal na rede social, em comentário assinado por #equipejd. As redes sociais do prefeito têm atividade intensa, com diversas postagens por dia e interação com eleitores.

Doria- Facebook

Originalmente, a ideia do instituto era destinar as obras para turmas do 8º e 9º anos do ensino fundamental. Segundo nota da Prefeitura, porém, os livros irão para bibliotecas caso a doação seja concretizada.

“Toda doação, para ser formalizada, depende de um entendimento entre quem oferece o bem ou serviço e o órgão que irá recebê-lo. Após todas as tratativas, caso a doação seja concretizada, o termo é publicado no Diário Oficial da Cidade. A Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas, órgão da Secretaria Municipal da Cultura, entrou em contato com o Instituto Mises sobre a proposta de doação de livros feita pela entidade, e ainda não teve retorno”, diz a nota.

A resposta foi enviada pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo (Secom) quase 48 horas após o primeiro pedido de informação por CartaCapital. Na terça-feira 4, o órgão afirmou que não comentava informações divulgadas pelo perfil pessoal de João Doria no Facebook e recomendou que a reportagem procurasse a Secretaria da Educação. Procurada, a pasta não respondeu às solicitações.

O Instituto Mises leva o nome de Ludwig von Mises (1881-1973), um dos fundadores da Escola Austríaca de Economia. Defensor do capitalismo e do Estado mínimo, Mises participou em 1938 do encontro em Paris que cunhou o termo “neoliberalismo” como resposta à ameaça da social-democracia. Com críticas ao socialismo e a políticas assistencialistas, o austríaco ganhou a simpatia da nova direita brasileira.

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