Política

Líderes de partidos da base destinaram R$ 788 milhões do orçamento secreto

Líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes foi o que enviou a maior parte entre as lideranças

Líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Líderes de partidos governistas indicaram ao todo R$ 788,9 milhões do orçamento secreto, o instrumento por meio do qual parlamentares destinaram parte dos recursos da União sem serem identificados. Eles estão entre os 404 congressistas que enviaram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, informações a respeito de suas indicações.

O material reunido por Pacheco foi solicitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que no ano passado obrigou o Parlamento a dar publicidade ao mecanismo de distribuição de verbas do erário.

A destinação funciona da seguinte forma: os parlamentares fazem recomendações ao relator do Orçamento, que, por sua vez, inclui essas demandas nas emendas que faz ao documento que define como será o investimento feito pelo governo.

Na lista de líderes beneficiados pelas emendas do relator, há 18 nomes. A maior fatia foi destinada pelo líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (PL-TO). Ele indicou R$ 243,3 milhões, o que representa 31% desse montante.

Agraciados com altos valores entre os que apoiam o governo também estão o senador Mecias de Jesus, líder do Republicanos no Senado, com R$ 146,3 milhões, assim como os deputados Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, e Euclydes Pettersen, líder do PSC na Câmara, com R$ 81,5 milhões e R$ 64,3 milhões, respectivamente.

Os senadores Maílza Gomes, líder do PP no Senado, Nelsinho Trad, líder do PSD na Casa, e Carlos Portinho, líder do PL, partido do presidente da República, além de Diego Andrade, do PSD, que é líder da maioria na Câmara, também integram o grupo que mais destinou recursos, com R$ 56,1 milhões, R$ 50,1 milhões, R$ 41,9 milhões e R$ 38,4 milhões, respectivamente.

O líder do PSD na Câmara , deputado Antonio Brito, indicou R$ 25,8 milhões a municípios. Já ao líder do governo na Casa, Ricardo Barros, do PP, foram reservados R$ 17,5 milhões. O deputado paraibano Aguinaldo Ribeiro, também do PP, que lidera o bloco da maioria no Congresso, destinou um total de R$ 15,7 milhões. O deputado Altineu Côrtes, que lidera o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro,  indicou R$ 7,4 milhões.

Apesar da determinação do Supremo, a origem de 70% dos recursos das emendas de relator continua sendo um mistério. Levantamento feito pelo GLOBO nos documentos entregues pelo Senado à Corte mostra que apenas R$ 11 bilhões de um universo de R$ 36,4 bilhões foram integralmente mapeados, ou seja, identificados os responsáveis pelas destinações e as cidades por eles beneficiadas. Isso porque parte dos congressistas não prestou as contas do que indicou do orçamento secreto.

Entre os líderes governistas, quatro não informaram os valores das emendas secretas que destinaram, segundo os documentos computados no STF. São eles: André Fufuca, líder do PP na Câmara; Davi Alcolumbre, líder do União Brasil no Senado; Luiz do Carmo, líder do PSC no Senado; e Wellington Fagundes, líder do PL no Senado.

Partidos

Como O GLOBO revelou ontem, os cinco partidos mais beneficiados pelo orçamento secreto — PP, PL, PSD, União Brasil e Republicanos — destinaram cerca de R$ 8,4 bilhões por meio das emendas de relator. O valor representa mais de 75% dos R$ 11 bilhões que constam nos documentos entregues ao STF pelo presidente do Senado, em cumprimento a uma decisão da Corte. Três dessas siglas, PP, PL e Republicanos, compõem o centrão, bloco de apoio ao governo no Congresso.

O montante é discrepante. Embora tenha indicado 75% do universo analisado, as cinco legendas abrigam 52,5% dos parlamentares, aproximadamente metade do Congresso Nacional.

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