Economia

Líder do PT quer o Bolsa Família fora do teto de gastos em caráter definitivo

O deputado Reginaldo Lopes também estabeleceu como prioridade da nova gestão o reajuste real do salário mínimo

Reginaldo Lopes e Lula durante ato na campanha eleitoral. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Apoie Siga-nos no

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG), defendeu nesta segunda-feira 7 retirar em caráter definitivo do teto de gastos o programa Bolsa Família, a ser recriado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para substituir o Auxílio Brasil.

A proposta poderia, segundo Lopes, ser debatida no âmbito da PEC da Transição, por meio da qual o governo eleito poderá promover gastos fora do teto – a fim de bancar, também, o aumento real do salário mínimo.

“Os que votaram no Bolsonaro defenderam 600 reais. Os que votaram no presidente Lula defenderam 600 reais. Todos afirmaram que seria 600 reais”, disse o parlamentar a jornalistas após uma reunião da bancada petista. “É muito legítimo você tirar de qualquer regra fiscal, do passado ou do futuro, a transferência de renda. É um amadurecimento das leis de responsabilidade fiscal no Brasil extraordinário. Você está dizendo que a Lei de Responsabilidade Fiscal tem que levar em consideração as metas sociais”.

Segundo Lopes, este seria “o início de um debate sobre combinar a Lei de Responsabilidade Fiscal e metas sociais”. Ele também estabeleceu como prioridade da nova gestão o reajuste real do salário mínimo.

“O povo brasileiro foi às urnas e contratou um programa, que foi bem explicitado pelo presidente Lula. Nós queremos garantir aos trabalhadores brasileiros o aumento real do salário mínimo. Portanto, é fundamental que tenha espaço no Orçamento para garantir esse aumento real.”

Com Lula de volta a São Paulo, a transição de governo ganha força. Nos próximos dias, o presidente eleito se reunirá, em Brasília, com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para, entre outros assuntos, encaminhar a manutenção do Bolsa Família de 600 reais em 2023.

plano A continua a ser a PEC da Transição. O custo final da proposta, porém, ainda não foi estabelecido. Uma ideia alternativa seria a edição de uma medida provisória, depois da posse, a fim de abrir um crédito extraordinário.

Nos últimos dias, a equipe de transição, chefiada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), debate, além do aspecto político, a segurança jurídica de cada opção. Na avaliação de Lenio Streck, jurista, pós-doutor em Direito e professor de Direito Constitucional, a questão “parece simples no plano técnico”, mas “é complexa no plano político”.

“Para mim, bastam medidas provisórias para remanejar as verbas do Orçamento. PEC só vale a pena negociar se for para revogar a Emenda 95, a do Teto de Gastos. Fazer uma PEC só para o ponto dos 600 reais sem negociar algo mais pode ser trocar muito (poder político ) por pouco (PEC para salvar um rombo deixado pelo atual governo)”, disse o jurista em contato com CartaCapital.

Segundo ele, trata-se de um paradoxo. “O Parlamento atual primeiro ajuda a criar o problema e depois recebe algo em troca para resolvê-lo? Em direito chamamos a isso de venire contra factum proprium, isto é, ninguém deve se beneficiar do problema que criou”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo