Marcelo Arruda, guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) e um dos líderes do PT na cidade, foi morto a tiros disparados por um bolsonarista na madrugada deste domingo 10 enquanto comemorava seu aniversário de 50 anos em uma festa com a temática do ex-presidente Lula (PT). O autor dos disparos não era conhecido pelo guarda e teria, segundo relatos, se incomodado com o tema da confraternização.
Estavam reunidas cerca de 40 pessoas, entre familiares e amigos na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi) quando um desconhecido parou seu carro no lado de fora e começou a gritar e fazer ameaças. “Ele gritava ‘é Bolsonaro seus fdp… seus desgraçados… é o mito”, conta uma testemunha em conversa com CartaCapital. O assassino tira uma arma e aponta para os convidados, ainda dentro do carro. Ao seu lado estava uma mulher e um bebe.
“A festa era com temática do PT. Por volta das 23h um sujeito que ninguém conhecia apareceu xingando os convidados, chamando o Lula de desgraçado e esbravejando o nome do Bolsonaro. O maluco disse que voltaria para matar todo mundo. E ele voltou”, detalha André Alliana, amigo próximo da vítima, em entrevista ao site Brasil de Fato.
Poucos minutos depois destas imagens, o homem desconhecido voltou ao local já com uma arma em punho para cumprir suas ameaças. Segundo outras testemunhas que presenciaram o atentado, o autor do crime aparentava estar sob efeito de drogas. Mais tarde, o homem foi identificado como Jorge José da Rocha Guaranho. A informação inicial divulgada pela Polícia Civil era de que ele também teria morrido no local após ser atingido por tiros de revide. Mais tarde, no entanto, a Secretaria de Segurança Pública do estado voltou atrás e informou que Guaranho estaria vivo e internado em estado grave.
“Se o Marcelo não revidasse”, conta a testemunha, “era possível que acontecesse uma chacina”. As primeiras informações são que o assassino é agente penitenciário federal. Eleitor de Bolsonaro postava em suas redes sociais notas de apoio ao ex-capitão.
Marcelo era guarda municipal há 28 anos e militante do PT, onde atuava como tesoureiro do diretório municipal. Em 2020, ele concorreu nas eleições locais como candidato a vice-prefeito indicado pela legenda. Ele também ocupava o cargo de diretor no Sindicato dos Servidores Públicos de Foz do Iguaçu. Ele deixa a esposa e quatro filhos, entre eles, um bebê de apenas um mês.
Em nota assinada pela presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo coordenador de Segurança Pública do PT, Abdael Ambruster, o partido lamentou o ocorrido e prometeu cobrar mais empenho das autoridades contra a violência política:
“Marcelo estava na flor da idade, tinha uma vida pela frente com sua família, esposa e quatro filhos, a quem prestamos nossa total solidariedade e apoio, e sonhava com um Brasil justo e democrático, fraterno e solidário, que queria construir com o povo brasileiro a partir da derrota do fascismo e da eleição de Lula Presidente”, destaca um trecho da nota.
Segundo a sigla, o autor do disparo é resultado da política praticada pelo atual presidente da República Jair Bolsonaro (PL). “Embalados por um discurso de ódio e perigosamente armados pela política oficial do atual Presidente da República, que estimula cotidianamente o enfrentamento, o conflito, o ataque a adversários, quaisquer pessoas ensandecidas por esse projeto de morte e destruição vêm se transformando em agressores ou assassinos.”
Além do partido, a prefeitura da cidade paranaense também emitiu nota lamentando o ocorrido.
(Com reportagem de René Ruschel)
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