Política

Líder carioca

Estranhei o convite da Prefeitura do Rio para a apresentação dos “líderes” da cidade. Afinal, quem é líder precisa de apresentação?

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O prefeito Eduardo Paes (PMDB) e seu secretário de governo, Pedro Paulo, serão anfitriões de uma solenidade no Palácio da Cidade, na quarta-feira 30, para apresentação dos “líderes cariocas”.

Num primeiro momento, estranhei bastante o convite. Afinal, os verdadeiros líderes prescindem de apresentação. São, naturalmente, reconhecidos. Mas fui informado de que se trata de um programa da prefeitura para capacitação de servidores, a fim de que, no futuro, o prefeito não precise preencher seu primeiro escalão com deputados, vereadores, políticos sem mandato e cabos eleitorais.

Aliás, a estrutura montada por Paes não é pequena. Entre secretarias, fundações, empresas públicas e subprefeituras são mais de 50 cargos do chamado primeiro escalão. Foi-se o tempo em que a República funcionava com apenas dez ministérios, e governos estaduais e municipais, com número semelhante de secretarias. Mas isso era no tempo em que os bichos falavam e que, na política, o adulterado princípio franciscano do “é dando que se recebe” ainda não havia alcançado as dimensões de hoje, tanto nos órgãos federais quanto estaduais e municipais.

Grande parte de aliados do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), por exemplo, foram atraídos para o lado de Paes em troca de um cargo no Piranhão – como é carinhosamente – ou ironicamente – conhecido pelos cariocas o Centro Administrativo da Prefeitura, em razão de ter sido construído numa área onde, no passado, senhoras da chamada vida fácil vendiam o corpo em troca de algum dinheiro. Agora, insinuam alguns, outro tipo de comércio – não necessariamente do corpo – é praticado e muito valorizado na região.

Não sei também se essa festa tem a ver com o modesto conceito de que o prefeito Eduardo Paes desfruta entre os servidores da prefeitura. E, no Rio, o funcionalismo costuma influenciar bastante o resultado das eleições. Cesar Maia e Marcelo Freixo (PSOL) têm a simpatia de um número expressivo de funcionários e podem perfeitamente atrapalhar os planos da reeleição.

Maia, que concorrerá à prefeitura por interposta pessoa, o filho Rodrigo, tem reconhecidamente bom trânsito na elite do funcionalismo. Já Freixo atrai a atenção de professores, médicos e servidores de camadas menos destacadas do serviço público municipal. Portanto, os estrategistas de plantão recomendam que Eduardo Paes ataque por esses flancos.

Verdade seja dita, o atual prefeito, ao contrário do antecessor Cesar Maia, não ficou escondido atrás de um computador e raramente saia às ruas. Eduardo Paes tem estado presente nas ruas, mas ainda não provou ser um líder carioca. Não tem a cara do Rio.

De qualquer modo, a Prefeitura tem gasto milhões de reais para sua autopromoção e todo dia inaugura obras, ainda que não estejam concluídas – uma prática da nossa mais velha forma de fazer política. São  sucessivas festas e solenidades para inaugurar inconclusões. Além do mais, tudo indica que não têm sido suficientes para alavancar a popularidade do prefeito.

Paes tem toda razão para estar preocupado com um eventual segundo turno, que não aparecia no horizonte meses atrás. Poderia, em outros tempos, se socorrer do parceiro Sergio Cabral, mas o governador parece estar precisando mais de socorro que o próprio prefeito.

Essas situações controversas são a cara do Rio.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) e seu secretário de governo, Pedro Paulo, serão anfitriões de uma solenidade no Palácio da Cidade, na quarta-feira 30, para apresentação dos “líderes cariocas”.

Num primeiro momento, estranhei bastante o convite. Afinal, os verdadeiros líderes prescindem de apresentação. São, naturalmente, reconhecidos. Mas fui informado de que se trata de um programa da prefeitura para capacitação de servidores, a fim de que, no futuro, o prefeito não precise preencher seu primeiro escalão com deputados, vereadores, políticos sem mandato e cabos eleitorais.

Aliás, a estrutura montada por Paes não é pequena. Entre secretarias, fundações, empresas públicas e subprefeituras são mais de 50 cargos do chamado primeiro escalão. Foi-se o tempo em que a República funcionava com apenas dez ministérios, e governos estaduais e municipais, com número semelhante de secretarias. Mas isso era no tempo em que os bichos falavam e que, na política, o adulterado princípio franciscano do “é dando que se recebe” ainda não havia alcançado as dimensões de hoje, tanto nos órgãos federais quanto estaduais e municipais.

Grande parte de aliados do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), por exemplo, foram atraídos para o lado de Paes em troca de um cargo no Piranhão – como é carinhosamente – ou ironicamente – conhecido pelos cariocas o Centro Administrativo da Prefeitura, em razão de ter sido construído numa área onde, no passado, senhoras da chamada vida fácil vendiam o corpo em troca de algum dinheiro. Agora, insinuam alguns, outro tipo de comércio – não necessariamente do corpo – é praticado e muito valorizado na região.

Não sei também se essa festa tem a ver com o modesto conceito de que o prefeito Eduardo Paes desfruta entre os servidores da prefeitura. E, no Rio, o funcionalismo costuma influenciar bastante o resultado das eleições. Cesar Maia e Marcelo Freixo (PSOL) têm a simpatia de um número expressivo de funcionários e podem perfeitamente atrapalhar os planos da reeleição.

Maia, que concorrerá à prefeitura por interposta pessoa, o filho Rodrigo, tem reconhecidamente bom trânsito na elite do funcionalismo. Já Freixo atrai a atenção de professores, médicos e servidores de camadas menos destacadas do serviço público municipal. Portanto, os estrategistas de plantão recomendam que Eduardo Paes ataque por esses flancos.

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