Política

‘Legado de esperança’ e ‘referência de diálogo’: as reações no universo político a morte de Mujica

Aos 89 anos, o ex-mandatário tratava um câncer de esôfago, diagnosticado em maio de 2024

‘Legado de esperança’ e ‘referência de diálogo’: as reações no universo político a morte de Mujica
‘Legado de esperança’ e ‘referência de diálogo’: as reações no universo político a morte de Mujica
O ex-presidente uruguaio Pepe Mujica e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, morreu nesta terça-feira 13, aos 89 anos. Políticos, partidos e presidentes de entidades brasileiras lamentaram a morte dele que é apontado como uma das maiores lideranças das América Latina.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o ex-presidente deixa um legado de esperança. “Mujica aliou a coragem à doçura, a luta à compaixão. Deixa um legado de esperança, um convite a um humanismo radical. Meus sentimentos ao planeta Terra”, disse.

Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, lamentou a morte de Mujica, a quem classificou como “um homem que transcendeu as divisões políticas e sociais”. “Um líder cuja simplicidade, a rejeição ao ódio e o compromisso com a vida o tornaram uma figura única no cenário mundial”, disse.

“Neste momento de dor em toda América Latina, especialmente para o povo uruguaio, manifesto minha solidariedade a todos os companheiros e admiradores de Mujica, especialmente à querida Lucía Topolansky”, completou Mercadante.

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, descreveu Pepe como uma das pessoas imprescindíveis para a humanidade. “Dedicou a vida ao ideal de um mundo melhor e mais justo. Lutou por esse ideal de todas as formas possíveis, inclusive pelo exemplo de vida que nos legou”, disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que recebeu com tristeza a notícia da morte de Pepe. “No campo da boa política, ele sempre foi uma referência de diálogo e equilíbrio. Fica o exemplo de simplicidade, humanidade, honestidade e preocupação com o próximo”, disse.

O deputado federal Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, disse que o político “transcendeu as fronteiras de seu país e se tornou um símbolo global de humildade”. “Nós, deputados e deputadas do PT, expressamos nossas mais profundas condolências à sua família, amigos e ao povo uruguaio. O mundo perdeu hoje um líder excepcional”, afirmou em nota.

O ex-presidente do Uruguai José Alberto “Pepe” Mujica. Foto: MIguel Rojo/AFP

Instituições como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) também lamentaram a morte. O movimento lembrou do compromisso de Mujica com a justiça social. “Foi um dos mais importantes representantes da esquerda mundial nas últimas décadas. Sua partida deixará saudades e um enorme legado ao socialismo”, disse em nota.

O Ministério das Relações Exteriores descreveu Pepe como um “grande amigo do Brasil” e um dos mais importantes humanistas de nossa época. “O legado de “Pepe” Mujica permanecerá, guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento e na nossa capacidade de construir um mundo melhor para as futuras gerações”, diz o texto.

Em dezembro do ano passado, durante visita a Montevidéu, Lula (PT) condecorou Mujica com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração oferecida pelo Brasil a cidadãos estrangeiros. Na ocasião, o presidente referiu-se a Mujica como “a pessoa mais extraordinária” entre os presidentes com quem conviveu.

Quem foi Pepe Mujica

Mujica nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, em 20 de maio de 1935, e estava prestes a completar 90 anos. Ele foi o 40º presidente do Uruguai, exercendo seu mandato entre 2010 e 2015.

A presidência de Mujica deixou marcas de avanços sociais e econômicos ao Uruguai, mas se sobressaiu, principalmente, pela imagem do mandatário, associada à escolha de levar uma vida simples, distante de ostentações.

Sob a presidência de Mujica, em 2013, o Uruguai deu início ao longo processo que culminaria com a liberação da maconha no país. Além das transformações culturais e legais, a esquerda uruguaia, com Mujica e Tabaré Vázquez à frente, conseguiu fazer com que o PIB per capita crescesse três vezes – passando de 4.720 para 15.560 dólares.

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