Política

Lava Jato desconfiava de Léo Pinheiro até versão do triplex do Guarujá

Novas mensagens vazadas mostram que procuradores não pensavam em acordo com Léo Pinheiro até ele trazer versão que incriminava Lula

O ex-empreiteiro Léo Pinheiro dando depoimento a Sérgio Moro. (Foto: Reprodução/Youtube)
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Novas mensagens vazadas entre procuradores da Lava Jato apontam que Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, era visto com descrença pela força-tarefa e teve acordo de delação premiada acertado somente quando envolveu Lula nos depoimentos. Pinheiro foi o responsável por atrelar o triplex do Guarujá ao ex-presidente em depoimento de abril de 2017. As mensagens foram reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo a partir dos vazamentos obtidos pelo site The Intercept.

Segundo a reportagem, os procuradores não encontravam provas robustas sobre negócios que fizessem com que Léo Pinheiro fosse inocentado ou firmasse um acordo com a Operação. No momento das mensagens trocadas, o empreiteiro já havia sido condenado por pagar propinas a dirigentes da Petrobras, mas recorria em liberdade.

Em agosto de 2016, o promotor Sérgio Bruno afirmou em mensagens que os advogados da OAS não incriminaram Lula em um primeiro momento. “Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apt. Guarujá”, diz Bruno. “Diziam q não tinha crime”.

Os procuradores insistiam em novas versões sobre os negócios da OAS. “Na última reunião dissemos que eles precisariam melhor[ar] consideravelmente os anexos”, escreve um dos integrantes do grupo do aplicativo Telegram, pelo qual os acusadores da Lava Jato trocavam informações. “Me parece que não está valendo a pena”, diz outro.

Após decidirem cessar as negociações com os advogados de Pinheiro, um vazamento de documentos feito à Revista Veja apontou a existência de uma conta oculta pela qual a empresa realizava pagamentos à Lula. Uma semana depois, segundo a reportagem, Sérgio Moro mandou prender Léo Pinheiro.

Após meses, o empreiteiro acusaria Lula de ser o dono do apartamento do Guarujá – o que ligou o ex-presidente aos crimes de corrupção da Petrobras e o manteve sobre o julgamento da força-tarefa em Curitiba, responsável pela Operação. Pelo acordo de delação premiada, Pinheiro teria sua pena reduzida pela metade.

Os vazamentos das mensagens trocadas entre o ex-juiz Sérgio Moro, o promotor federal Deltan Dallagnol e demais integrantes da Lava Jato mostram colaborações escusas entre acusação e julgador, como apontamentos de possíveis testemunhas. Até o momento, a força-tarefa diz que não reconhece as mensagens como reais, e mantém a versão de que os processos foram realizados de maneira ‘imparcial’ pela equipe de Curitiba.

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