Política

Kátia Abreu liderou cruzada ideológica ruralista

À frente da confederação do setor, nova ministra da Agricultura quis reverter imagem de “retrógrados e truculentos” dos produtores

Senadora Kátia Abreu. Foto: Reprodução.
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A nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu, liderou uma cruzada ideológica em defesa do agronegócio e dos ruralistas em seis anos à frente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), principal porta-voz do setor. Comandada pela senadora, a entidade conseguiu ocupar espaços midiáticos equivalentes a mais de um bilhão de reais em propaganda, pagou cursos para os produtores capricharem nas entrevistas e montou uma rede de comunicação por celular entre eles. O objetivo foi tentar desfazer a imagem de “retrógrados e truculentos” dos agropecuaristas.

Nesta ofensiva, a confederação pregou ideias ortodoxas na economia e conservadoras em assuntos políticos, como “as virtudes da livre iniciativa, da liberdade econômica e do respeito à propriedade e ao lucro”. É uma plataforma política similar à do DEM, partido de oposição ao qual Kátia Abreu pertencia quando assumiu a direção da CNA, em 2009.

Coincidência ou não, o governo federal petista vive hoje seu pior momento na relação com o agronegócio. É um dos motivos para a presidenta Dilma Rousseff ter tido um mau desempenho eleitoral em estados com vocação rural e ter decidido nomear a senadora para o primeiro escalão.

A rede comunicadora da CNA conta com cerca de dois mil smartphones a ligá-la com federações e sindicatos ruralistas em todo o País. É usada para trocar mensagens sobre os pontos de vista da confederação e seus representados, discutir o andamento de temas de interesse do setor em Brasília e organizar encontros ou mobilizações.

A entidade também bancou treinamentos para seus porta-vozes melhorarem a capacidade de expressão em entrevistas e conseguirem driblar perguntas espinhosas. Quase mil líderes ruralistas já fizeram os chamados media trainings.

A produção de estudos e pesquisas e a disposição permanente de defender os interesses ruralistas perante a imprensa levaram a CNA a colecionar citações favoráveis ao setor em tevês, rádios, jornais e revistas. Só Kátia Abreu publicou 150 artigos em jornal. Se todo este noticiário favorável fosse convertido em publicidade paga, custaria 1,2 bilhão de reais.

A senadora pelo PMDB de Tocantins presidiu a CNA entre 2009 e 2014. Em dezembro, assumiu um terceiro mandato de três anos. Para tomar posse do Ministério, teve de se licenciar do cargo.

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