Política
Justiça alega ‘showmício’ e mantém proibição de live de Caetano
Cantor faria apresentação paga e limitada para direcionar recursos a Manuela e Boulos, mas prática foi vista como ilegal


A maioria dos desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) decidiu, por 4 votos a 3, que o show de Caetano Veloso, cuja arrecadação seria destinados às campanha de Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL), é caracterizado como “showmício” – sendo, assim, ilegal.
A decisão foi contra parecer do Ministério Público Estadual e do voto do relator da ação.
Segundo esses dois pontos de vista, a prática de showmícios foi proibida porque buscou-se impedir que o candidato patrocinasse vantagens aos eleitores com apresentações artísticas gratuitas ou custos irrisórios, o que configuraria “desvio de finalidade”.
O caso de Caetano, dessa forma, versaria “tão somente sobre evento de arrecadação de recursos”, diz a decisão da Procuradoria.
No entanto, a maioria dos desembargadores entendeu que a ação se assemelha com propaganda eleitoral usada nos meios do entretenimento.
“O que está se fazendo aqui não deixa de ser uma forma de promoção de candidatura na promoção da arrecadação e na participação artística, que levaria também a promoção em termos de publicidade de campanha”, justificou um dos magistrados que votou pelo veto ao show.
“Ainda que o objetivo seja da arrecadação em si, trazem consigo o caráter de propaganda da campanha dos candidatos, ainda de forma indireta”, afirmou.
Nas redes sociais, após o primeiro feito pela Justiça Eleitoral, Caetano afirmou que “confundir isso [live] com showmício é tão absurdo quanto confundir jantar de arrecadação com distribuição de cesta básica.”
“A apresentação será feita em ambiente fechado, apenas para os detentores de ingressos, comercializados pelas campanhas. A cobrança é o que diferencia o evento de um showmício, já que a lei não permite apresentações gratuitas”, informa.
“O show está super dentro da lei. O Caetano jamais faria algo que fosse ilegal”, disse a produtora, empresária e esposa do músico, Paula Lavigne, na época.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.