Política
Julgamento do ‘mensalão’: defesa de réus ligados a Marcos Valério fala hoje
Em pauta, a defesa de quatro réus ligados a Marcos Valério e que teriam ajudado o publicitário a operar o esquema
O julgamento do caso do “mensalão’ recomeçou às 14 horas desta terça-feira 7. Neste quarto dia de julgamento, os ministros vão ouvir a defesa de quatro pessoas ligadas a Marcos Valério, acusadas de ajudar o publicitário a operar o esquema. Os advogados rebatem as acusações de que empréstimos tinham origem irregular e a intenção de comprar votos.
Acompanhe ao vivo pela transmissão da TV Justiça:
Os réus que são defendidos agora são Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério, Rogério Tolentino, advogado, Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira de empresas do publicitário, e Geiza Dias, funcionária de Valério.
Advogado diz que ex-diretora financeira da SMP&B deveria figurar apenas como testemunha
O advogado Leonardo Yarochewsky, defensor da ex-diretora financeira da empresa de publicidade SMP&B Simone Vasconcelos, defendeu no julgamento desta terça-feira 7 que ela figurasse apenas como testemunha no processo. Os advogados têm até uma hora para defender seus clientes.
Simone Vasconcelos responde por cinco crimes: lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas e corrupção ativa. Somados os crimes, a pena máxima pode chegar a 327 anos. A SMP&B era a empresa de Marcos Valério que tomava os empréstimos para repassar os recursos aos parlamentares, com o objetivo de que eles votassem em projetos de interesse do governo no Congresso Nacional.
Na acusação apresentada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, as funcionárias de Marcos Valério, Geiza Dias e Simone Vasconcelos, realizavam saques e faziam a entrega do dinheiro ilícito aos parlamentares. A denúncia aponta ainda que eram elas que repassavam ao Banco Rural o nome das pessoas que deveriam ser beneficiadas por repasses de verbas que alimentavam o esquema ilícito de compra de votos.
“Simone Vasconcelos deveria figurar como testemunha deste processo porque o depoimento dela foi citado, quando do oferecimento da denúncia, por oito vezes. Nas alegações finais, por 11 vezes a acusação faz referência a Simone Vasconcelos. Isto porque muito do que o acusador estatal [o procurador-geral] sustenta é baseado nas palavras de Simone, que, em todo momento que foi ouvida, traz a mesma versão, com transparência e integridade”, alega Leonardo.
Ele disse ainda que sua cliente, em momento algum, negou que entregou várias quantias de dinheiro para parlamentares a mando de Marcos Valério. “Ela não sabia quem eram esses parlamentares.”
Logo mais, apresentam as defesas de seus clientes os advogados de Geiza Dias dos Santos, ex-gerente financeira da SMP&B, e Kátia Rabello, ex-presidenta do Banco Rural. Esta etapa do julgamento começou ontem (6), com a exposição dos defensores de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério e Ramon Hollerbach. A previsão é que se estenda até o dia 14 de agosto, quando começa a votação dos ministros do STF.
Sociedade com Marcos Valério não faz de Cristiano Paz criminoso, alega defesa
O advogado Castellar Guimarães, que representa o publicitário mineiro Cristiano Paz no julgamento do mensalão, disse no julgamento que seu cliente não pode ser considerado criminoso apenas porque era sócio de Marcos Valério na empresa SMP&B Comunicação.
O advogado destacou a atuação de Paz como homem de criação da empresa e afirmou que, apesar de saber dos empréstimos ao PT negociados por Valério, não participava dessa etapa. “A parte lícita era a parte desenvolvida por Cristiano. Sua atividade como publicitário o impedia de qualquer outra participação na SMP&B. Ele trabalhava na construção de marcas, na boa divulgação da marca que criava, para que clientes fossem bem atendidos”, destacou o advogado.
O publicitário é acusado de, juntamente com Valério e Ramon Hollerbach, também sócio na empresa de publicidade, ter montado a estrutura criminosa que permitia a distribuição do mensalão, o chamado núcleo operacional do esquema de corrupção denunciado em 2005. Segundo o Ministério Público, as empresas de publicidade SMP&B e DNA atuavam na obtenção de empréstimos bancários para repassar as verbas aos políticos envolvidos.
Guimarães dedicou quase metade da defesa, que durou cerca de meia hora, para citar o histórico profissional de Paz. Informou que ele está há mais de 40 anos no ramo de publicitário e recebeu vários prêmios, inclusive após o escândalo do mensalão. De acordo com o advogado, desde 2005, Paz trabalha na agência Filadélfia com seu filho, que não tem clientes públicos por opção.
“Mesmo depois de toda essa exposição, sendo diariamente citado, Cristiano manteve inabalado o conceito de credibilidade que tem nos meios de comunicação”, destacou. Ele ainda esclareceu que, ao contrário do que diz a denúncia, Paz não tem qualquer relação com a empresa DNA Propaganda, da qual Valério era diretor.
O advogado também criticou o fato de a denúncia sempre tratar do núcleo publicitário de forma generalizada, sem individualizar as condutas de cada um. “Designar a participação de cada co-réu é necessário. Se a simples associação é um delito per se, na maioria deles, na produção do evento criminoso, é que determina a responsabilidade. Alguém pode pertencer ao mesmo grupo, sem concorrer ao delito”, concluiu Guimarães.
Paz e os ex-sócios respondem pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato e evasão de divisas. Os três são recordistas de acusações no processo do mensalão, 143 cada um deles.
*Com informações da Agência Brasil
O julgamento do caso do “mensalão’ recomeçou às 14 horas desta terça-feira 7. Neste quarto dia de julgamento, os ministros vão ouvir a defesa de quatro pessoas ligadas a Marcos Valério, acusadas de ajudar o publicitário a operar o esquema. Os advogados rebatem as acusações de que empréstimos tinham origem irregular e a intenção de comprar votos.
Acompanhe ao vivo pela transmissão da TV Justiça:
Os réus que são defendidos agora são Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério, Rogério Tolentino, advogado, Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira de empresas do publicitário, e Geiza Dias, funcionária de Valério.
Advogado diz que ex-diretora financeira da SMP&B deveria figurar apenas como testemunha
O advogado Leonardo Yarochewsky, defensor da ex-diretora financeira da empresa de publicidade SMP&B Simone Vasconcelos, defendeu no julgamento desta terça-feira 7 que ela figurasse apenas como testemunha no processo. Os advogados têm até uma hora para defender seus clientes.
Simone Vasconcelos responde por cinco crimes: lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas e corrupção ativa. Somados os crimes, a pena máxima pode chegar a 327 anos. A SMP&B era a empresa de Marcos Valério que tomava os empréstimos para repassar os recursos aos parlamentares, com o objetivo de que eles votassem em projetos de interesse do governo no Congresso Nacional.
Na acusação apresentada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, as funcionárias de Marcos Valério, Geiza Dias e Simone Vasconcelos, realizavam saques e faziam a entrega do dinheiro ilícito aos parlamentares. A denúncia aponta ainda que eram elas que repassavam ao Banco Rural o nome das pessoas que deveriam ser beneficiadas por repasses de verbas que alimentavam o esquema ilícito de compra de votos.
“Simone Vasconcelos deveria figurar como testemunha deste processo porque o depoimento dela foi citado, quando do oferecimento da denúncia, por oito vezes. Nas alegações finais, por 11 vezes a acusação faz referência a Simone Vasconcelos. Isto porque muito do que o acusador estatal [o procurador-geral] sustenta é baseado nas palavras de Simone, que, em todo momento que foi ouvida, traz a mesma versão, com transparência e integridade”, alega Leonardo.
Ele disse ainda que sua cliente, em momento algum, negou que entregou várias quantias de dinheiro para parlamentares a mando de Marcos Valério. “Ela não sabia quem eram esses parlamentares.”
Logo mais, apresentam as defesas de seus clientes os advogados de Geiza Dias dos Santos, ex-gerente financeira da SMP&B, e Kátia Rabello, ex-presidenta do Banco Rural. Esta etapa do julgamento começou ontem (6), com a exposição dos defensores de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério e Ramon Hollerbach. A previsão é que se estenda até o dia 14 de agosto, quando começa a votação dos ministros do STF.
Sociedade com Marcos Valério não faz de Cristiano Paz criminoso, alega defesa
O advogado Castellar Guimarães, que representa o publicitário mineiro Cristiano Paz no julgamento do mensalão, disse no julgamento que seu cliente não pode ser considerado criminoso apenas porque era sócio de Marcos Valério na empresa SMP&B Comunicação.
O advogado destacou a atuação de Paz como homem de criação da empresa e afirmou que, apesar de saber dos empréstimos ao PT negociados por Valério, não participava dessa etapa. “A parte lícita era a parte desenvolvida por Cristiano. Sua atividade como publicitário o impedia de qualquer outra participação na SMP&B. Ele trabalhava na construção de marcas, na boa divulgação da marca que criava, para que clientes fossem bem atendidos”, destacou o advogado.
O publicitário é acusado de, juntamente com Valério e Ramon Hollerbach, também sócio na empresa de publicidade, ter montado a estrutura criminosa que permitia a distribuição do mensalão, o chamado núcleo operacional do esquema de corrupção denunciado em 2005. Segundo o Ministério Público, as empresas de publicidade SMP&B e DNA atuavam na obtenção de empréstimos bancários para repassar as verbas aos políticos envolvidos.
Guimarães dedicou quase metade da defesa, que durou cerca de meia hora, para citar o histórico profissional de Paz. Informou que ele está há mais de 40 anos no ramo de publicitário e recebeu vários prêmios, inclusive após o escândalo do mensalão. De acordo com o advogado, desde 2005, Paz trabalha na agência Filadélfia com seu filho, que não tem clientes públicos por opção.
“Mesmo depois de toda essa exposição, sendo diariamente citado, Cristiano manteve inabalado o conceito de credibilidade que tem nos meios de comunicação”, destacou. Ele ainda esclareceu que, ao contrário do que diz a denúncia, Paz não tem qualquer relação com a empresa DNA Propaganda, da qual Valério era diretor.
O advogado também criticou o fato de a denúncia sempre tratar do núcleo publicitário de forma generalizada, sem individualizar as condutas de cada um. “Designar a participação de cada co-réu é necessário. Se a simples associação é um delito per se, na maioria deles, na produção do evento criminoso, é que determina a responsabilidade. Alguém pode pertencer ao mesmo grupo, sem concorrer ao delito”, concluiu Guimarães.
Paz e os ex-sócios respondem pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato e evasão de divisas. Os três são recordistas de acusações no processo do mensalão, 143 cada um deles.
*Com informações da Agência Brasil
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