Jones Manoel recebe ameaças de nazistas e cobra autoridades

O historiador marxista Jones Manoel relatou nesta quinta-feira 21 ter sido alvo de ameaças enviadas por e-mail por uma organização neonazista. O ataque aconteceu na quarta-feira, duas semanas após os perfis dele no Instagram e no Facebook serem suspsensos — posteriormente, as contas foram recuperadas.

Segundo Jones, a mensagem partiu da Brigada Hitlerista Brasileira (Atomwaffen Brasil), fundada em 2015. O texto diz que o historiador está “na linha da bala por mais de 6 meses” e exige o pagamento de 250 mil reais para não levar adiante o suposto plano de assassinato.

“Diante da gravidade da ameaça contra a integridade física de Jones Manoel, tornamos pública a preocupação quanto à sua segurança e pedimos a solidariedade da sociedade civil e a atenção das autoridades competentes”, escreveram os advogados do youtuber. A defesa também anunciou que tomará “todas as medidas judiciais e administrativas cabíveis” e cobrou uma investigação rigorosa para identificar e responsabilizar os envolvidos.

Mais cedo, Jones se reuniu com a deputada Dani Portela (PSOL), presidenta da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco, para discutir o caso.

“Essa ameaça é diferente, houve uma compilação muito ampla de dados, inclusive alguns que não são públicos. É um grau de ameaça inédito até agora”, afirmou Jones em conversa com CartaCapital.

Ainda assim, ele garante que não mudará sua agenda política. “Nenhuma atividade vai ser cancelada. Continuarei viajando pelo país, debatendo em universidades, sindicatos, encontros populares. Redobramos as medidas de segurança, mas a prioridade é não ter medo e manter todas as atividades.”

Para o historiador, a escalada das intimidações está ligada ao crescimento do seu alcance digital: “Minhas redes foram as que mais cresceram no Brasil no mês passado, acima de Lula e Bolsonaro. O fortalecimento do debate marxista incomoda”. Ele também reiterou sua disposição de disputar a Presidência da República em 2026. “Essas ameaças são dores do crescimento, mas não vão nos intimidar.”

No início de agosto, a Meta excluiu os perfis de Jones no Facebook e no Instagram sem apresentar justificativas. A punição ocorreu em um momento de crescimento dos números do militante comunista nas redes, sobretudo após a viralização de um vídeo em que ele debate com 20 conservadores.

Conhecido por seu canal Farol Brasil, o pernambucano critica a extrema-direita nas redes sociais, além de falar sobre política externa e o movimento negro. Em CartaCapital, já apresentou o Manual do Jones, programa no qual discutiu conceitos como fascismo, liberalismo e racismo estrutural.