Política

“Jogo de promiscuidade”, diz Gilmar Mendes sobre mensagens vazadas

O ministro do STF apontou a inconstitucionalidade da CPI da Lava Toga e afirmou que o próprio Supremo barraria a investigação

Foto: Carlos Umberto / SCO / STF
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Gilmar Mendes nunca escondeu sua posição crítica aos métodos da Operação Lava Jato. Para o ministro do STF, entrevistado na sexta-feira 13 pela Folha de S. Paulo e portal UOL, as trocas de mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil mostram um “jogo de promiscuidade” entre as partes envolvidas na força-tarefa.

Para o ministro do Supremo Tribunal Federal, as conversas entre juiz e procuradores demonstram desrespeito à lei e ferem o modelo de Estado de Direito. Defendeu, ainda, uma manifestação de mea culpa. “Simplesmente dizer: nós erramos, fomos de fato crápulas, cometemos crimes. Queríamos combater o crime, mas cometemos erros crassos, graves, violamos o Estado de Direito”, disse Mendes aos jornalistas Thais Arbex, da Folha, e Tales Faria, do UOL.

O próprio integrante da Corte esteve na mira dos procuradores da Lava Jato. Vazamentos divulgados no dia 6 de agosto pelo El País em parceria com o The Intercept Brasil mostram que Deltan Dallagnol e outros procuradores do Ministério Público Federal tentaram coletar dados para afastar Gilmar Mendes.

As conversas apontam que os procuradores chegaram a acionar investigadores na Suíça para tentar reunir munição contra o ministro. Uma aposta era que Gilmar estivesse diretamente ligado a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, preso em Curitiba num desdobramento da Lava Jato e apontado como operador financeiro do PSDB.

Movimento inconstitucional

Outro ponto atacado pelo ministro foi a CPI da Lava Toga. Gilmar Mendes disse que trata-se de uma medida inconstitucional que a própria Corte terminaria por arquivar. “Se essa CPI fosse instalada, produziria nenhum resultado. Certamente, o próprio Supremo mandaria trancá-la”, disse à Folha.

O ministro falou ainda sobre o julgamento da imparcialidade do ex-juiz Sérgio Moro na condenação do ex-presidente Lula. O pedido de habeas corpus foi feito pela defesa do ex-presidente em novembro de 2018, com base na suspeição do agora ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

Gilmar Mendes defende que o Supremo não pode se curvar à popularidade de Moro – o ministro é a figura mais bem avaliada do governo, superando o próprio presidente em 25 pontos percentuais – para tomar suas decisões. Levar esse fator em consideração custaria à Corte a perda de sua legitimidade.

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