Política
Jô Cavalcanti: “A gente nunca viu democracia dentro das comunidades”
Em entrevista a CartaCapital, deputada de mandato coletivo em Pernambuco comenta genocídio contra pobres: ‘O Estado nos vê como alvo’


Mulher, negra, feminista, mãe, moradora da periferia do Recife, vendedora ambulante, coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e militante do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal de Pernambuco. Aos 37 anos, a recifense Jô Cavalcanti já poderia dizer que tem uma rotina cheia. Mas, em 2019, ganhou mais uma tarefa de luta: iniciou seu primeiro mandato como deputada estadual de Pernambuco pelo PSOL.
Na verdade, como “co-deputada”. Apesar de ser a detentora titular do cargo para a Justiça Eleitoral, seu mandato é compartilhado com mais quatro mulheres. Uma delas é a professora Kátia Cunha, sindicalista da área de educação. Também participa a estudante Joelma Carla, que, aos 18 anos, candidatou-se a vereadora na cidade de Surubim, no agreste do estado. Integram ainda a jornalista Carol Vergolino, da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD) e a advogada Robeyoncé Lima, primeira transexual na sua categoria profissional em Pernambuco.
Entrevistada por CartaCapital, Jô contou sobre o dia a dia da “mandata Juntas”, como gosta de chamar. “O preconceito rola. O diferencial é você ver quando a bancada está armada na Assembleia. Das dez mulheres que estão lá, eu sou a única negra”, diz a parlamentar. Ela também liga o caso Ágatha Félix, menina de 8 anos que foi morta no Rio de Janeiro por um tiro de fuzil, à perseguição contra negros e pobres. “O Estado nos vê como alvo”, afirma. “A gente nunca viu democracia dentro das comunidades.”
Confira a entrevista:
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