Política
Janaína recusa ser vice de Bolsonaro e ‘príncipe’ surge como opção
Advogada comunica no Twitter sua decisão por “questões familiares”. Bolsonaro afirmou que representante da família imperial era plano B


A advogada Janaína Paschoal deu a mesma explicação de Luciano Hulk, Joaquim Barbosa, Datena e tantos outros “outsiders” da política ao rejeitar participar da disputa eleitoral. Ao alegar “questões familiares”, recusou o convite de Jair Bolsonaro para ser vice na chapa do presidenciável do PSL.
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“Por ora, eu não posso me mudar para Brasília. A minha família não me acompanharia”, disse a advogada no Twitter. Ela afirmou ter tomado a decisão após uma conversa com Bolsonaro e Gustavo Bebiano, presidente em exercício do PSL.
Janaína afirmou que continuará lutando, “com ou sem cargo, por um país livre, acima de tudo, um país de mentes livres”.
Em entrevista à Globo News nesta sexta-feira 3, Bolsonaro afirmou que, caso Janaína não aceitasse o convite, o plano B seria o “príncipe” Luiz Philippe de Orleans e Bragança. Não houve um anúncio oficial até o momento.
Luiz Phillipe é descendente dos imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II e foi um dos líderes do movimento Acorda Brasil, favorável ao impeachment de Dilma Rousseff. A possibilidade de ser vice de Bolsonaro não é vista com bons olhos entre outros expoentes da família imperial.
Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, dom João Henrique de Orleans e Bragança, o princípe Joãozinho, considerou “triste” a possibilidade. “Nossa família tem uma tradição de tolerância —Dom Pedro 1º, Pedro 2º, a princesa Isabel. É uma tradição de liberdade, de respeito às minorias, à diversidade”, afirmou à coluna.
Bolsonaro e Globo
Na entrevista à Globo News, Jair Bolsonaro foi bombardeado com perguntas sobre economia e demonstrou irritação. Quando perguntado se não realizaria “atos autoritários” por defender que não houve ditadura no Brasil, Bolsonaro lembrou que Globo foi criada em 1965 e recitou um editorial escrito por Roberto Marinho no jornal O Globo em defesa dos militares.
“Eu quero aqui saldar a memória do seu Roberto Marinho. Editorial de capa do jornal O Globo de 7 de outubro de 1984, abre aspas: ‘Participamos da revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, distúrbios sociais, greves e corrupção generalizada’. Fecha aspas”, declamou o candidato do PSL. O candidato tinha o texto decorado.
Ao final da entrevista, a Globo leu uma espécie de direito de resposta por intermédio da jornalista Miram Leitão. A emissora afirmou que revisou sua posição recentemente e considerou um erro o apoio à ditadura.
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