Política
Bolsonaro orientou Bebianno a processar o filho Carlos: ‘O moleque tem que aprender’
A revelação, feita pelo próprio ex-ministro dias antes de morrer, foi compartilhada pelo filho do empresário Paulo Marinho
O presidente Jair Bolsonaro pediu ao ex-ministro Gustavo Bebianno que processasse o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que precisava “aprender”. A revelação foi feita por André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, ex-aliado do Palácio do Planalto.
O vídeo em que Bebianno, que morreu em 14 de março do ano passado, narra o episódio foi veiculado durante o podcast Flow. A gravação foi feita seis dias antes antes da morte do ex-ministro.
“Num dia anterior, o Carlos [Bolsonaro] tinha irritado muito a todos nós por conta de ataques infundados, gratuitos, que ele tinha feito nas redes sociais em relação a uma série de pessoas, inclusive da equipe de comunicação, que trabalhavam muito aqui para que o projeto fosse bem sucedido”, disse Bebianno.
“E o Carlos disparou a metralhadora giratória por conta de ciumeira. Nesse dia, o Jair virou pra mim e falou assim: ‘Gustavo, processa ele! Processa ele!’ E eu disse: ‘Capitão, os seus filhos, não’. E ele disse: “Mas o moleque tem que aprender. Tá na hora de ele aprender’.”
“Talvez tivesse sido um acerto ter seguido a orientação dele, processado o Carlos. Talvez, se ele tivesse tomado um susto, amadurecesse um pouco, porque ele não tem a mínima ideia do mal que ele faz às pessoas”, completou.
Em outro momento do vídeo, Bebianno revela que esteve prestes a receber um convite de Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça.
“Ele virou e falou: “Gustavo, você está isso aqui pra se tornar o próximo ministro da Justiça. Só que você precisa alongar o seu pavio. Você tem um pavio muito curto, e no mundo político tem que ter muita tolerância. Não pode pisar no calo de um deputado federal, senador, porque um movimento errado desses pode abrir uma crise com final imprevisível para o governo. Então, eu confio em você'”, contou o ex-ministro.
“Nesse dia eu falei para ele que não sabia se estava preparado para a função, não sabia se era isso o que eu queria, não sabia se seria essa a melhor contribuição que eu poderia dar para o meu País e para o governo dele”, recordou Bebianno.
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