Mundo
Itália lança versão do Bolsa Família
Benefício vai distribuir mensalmente até 1.050 euros à população mais pobre
Os italianos podem solicitar, a partir desta quarta-feira 06, um novo benefício social similar ao Bolsa Família brasileiro. O programa conhecido como Renda de Cidadania é uma medida para desempregados e contra a exclusão social, que é uma das principais promessas de campanha do partido populista e antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).
O benefício consiste em uma ajuda econômica de até 500 por mês para indivíduos e de até 1.050 euros (cerca de 4.500 reais) por mês por família. Quem vive de aluguel poderá receber um adicional de 280 euros.
Segundo o M5S, que governa a Itália ao lado do partido de extrema direita Liga, trata-se de uma medida de política trabalhista e de combate à pobreza, à desigualdade e à exclusão social.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte afirmou que o programa significará um forte impulso à economia italiana por causa do impacto positivo que terá no consumo interno. O programa deverá custar 7,1 bilhões de euros em 2019, 7,8 bilhões em 2020 e 8 bilhões em 2021.
A iniciativa causou fortes atritos com a União Europeia (UE) e levou a Comissão Europeia a rejeitar a proposta de orçamento da Itália por temores de que a já elevada dívida pública italiana subisse ainda mais.
Para o vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio, que lidera o M5S e é o principal defensor da medida, o programa será uma revolução na vida de milhões de pessoas. Críticos, por sua vez, argumentam que o programa resultará não impulsionará o emprego.
O governo planeja atender 1,375 milhão de famílias ou indivíduos. O período de usufruto do benefício é de 18 meses, mas ele pode ser renovado depois de um mês de pausa.
A Renda de Cidadania pode ser solicitada por italianos e estrangeiros que residam há pelo menos dez anos na Itália. Todos os beneficiados devem ter renda anual máxima de 6 mil euros, ou 12,6 mil euros no caso de famílias.
O solicitante não pode ser dono de barcos destinados ao lazer ou de imóveis que valham mais do que 30 mil euros (excetuada a sua residência) nem ter mais do que 6 mil euros no banco ou ter comprado um carro nos seis meses anteriores.
Além disso, o solicitante deve estar disponível para começar a trabalhar imediatamente, assim como para seguir um processo personalizado de reinserção no mercado de trabalho, que pode implicar serviços à comunidade ou o término dos estudos.
O benefício está associado a um processo de reinserção social e no mercado de trabalho. Quem quiser receber o subsídio deverá aceitar um “pacto pelo emprego”, que obriga o beneficiado a todos os dias entrar num site onde são publicadas ofertas de emprego.
Após se registrar no site, o beneficiado deverá escolher uma das ofertas que lhe forem oferecidas. Elas consideram sua formação profissional, seu local de residência e o tempo que está desempregado.
A primeira oferta deve ser de um emprego a uma distância de até 100 quilômetros da residência do beneficiado, a segunda de até 250 quilômetros, e a terceira, em qualquer lugar da Itália, com algumas exceções. Quem rejeitar três ofertas seguidas deve ter o benefício cancelado.
Os italianos podem solicitar a nova ajuda social pela internet e nas agências do correio. Se aprovados, receberão os pagamentos num cartão. Os primeiros pagamentos estão previstos para maio.
A Itália é a terceira maior economia da zona do euro. A taxa de desemprego no país é de 10,5%, segundo números de janeiro da União Europeia.
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