Política

“Isso aí é balela”, diz Bolsonaro sobre relatório da Comissão da Verdade

‘Você acredita em comissão da verdade? Qual foi a sua composição? Sete pessoas indicadas pela Dilma’, ironizou o presidente

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Um dia depois de ironizar o desaparecimento do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, o presidente Jair Bolsonaro questionou nesta terça-feira 30 a atuação da Comissão da Verdade. Questionado por jornalistas que apontaram a existência de documentos comprovatórios que o desaparecimento de Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, em 1974, se deu após sua prisão pelo Estado, o presidente indagou:

“Você acredita em comissão da verdade? Qual foi a composição da comissão da verdade? Foram sete pessoas indicadas por quem? Pela Dilma”, afirmou. “Nós queremos desvendar crimes. A questão de 64, não existem documentos de matou, não matou, isso aí é balela.”

Bolsonaro também declarou não ter documentos que descrevam o desaparecimento de Fernando, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. “O que eu sei é o que falei para vocês. Não tem nada escrito que foi isso, foi aquilo. Meu sentimento era esse”, declarou.

Na segunda-feira 29, no entanto, ao criticar a atuação da OAB no caso de Adélio Bispo – autor do atentado do qual foi alvo durante a campanha eleitoral -, por ter impedido o grampo dos advogados do acusado, disse que “um dia” contaria ao presidente da entidade como seu pai desapareceu na ditadura militar.

“Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele”, declarou Bolsonaro.

A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. A CNV tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. Em 2014, a comissão soltou um relatório final com 377 nomes de autores de graves violações dos direitos humanos, que englobam presidentes, tenentes e generais a diplomatas, médicos legistas, policiais militares e civis e até um ex-comandante de companhia aérea civil.

Entre os presidentes, foram citados: Humberto de Alencar Castello Branco, Arthur da Costa e Silva, Aurélio de Lyra Tavares, Augusto Hamann Rademaker Grunewald, Márcio de Souza e Mello, Emilio Garrastazú Médici, Ernesto Beckmann Geisel e João Baptista De Oliveira Figueiredo. Confira os demais nomes citados no relatório da Comissão da Verdade.

O documento final orienta que as autoridades competentes busquem a responsabilização criminal, civil e administrativa a todos aqueles que cometeram graves violações aos direitos humanos. Em entrevista a CartaCapital na época do lançamento do relatório, o advogado e presidente da equipe Pedro Dallari declarou: “O relatório traz informações para acabar com qualquer nostalgia em relação à ditadura. Para muitos jovens que não viveram neste período, esse trabalho demonstrou os malefícios da ditadura.”

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