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IPCA/ Fora de controle

Inflação fecha 2022 em 5,79% e estoura meta pelo segundo ano consecutivo

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O grupo de alimentos e bebidas puxou a alta - Imagem: Renato Luiz Ferreira
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A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, fechou o ano de 2022 com alta acumulada de 5,79%, anunciou o IBGE na terça-feira 10. Mesmo com os cortes de impostos sobre combustíveis e energia elétrica, o IPCA estourou a meta de inflação perseguida pelo Banco Central e surpreendeu o mercado.

O centro da meta de inflação era de 3,5% em 2022, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. A alta foi puxada, sobretudo, pelo grupo alimentação e bebidas, cujos preços aumentaram 11,64%. “A elevação da inflação em 2021 e 2022 para níveis superiores às metas foi um fenômeno global, atingindo a maioria dos países emergentes”, justificou o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Entre os fatores apontados para o estouro da meta pelo segundo ano consecutivo ele destaca a elevação dos preços de commodities, em especial do petróleo, após a Guerra da Ucrânia, desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos, gargalos nas cadeias produtivas globais e choques em preços de alimentação, resultantes de questões climáticas. Eis o tamanho do abacaxi que Lula terá de descascar ao longo do ano.

Trágica marca

Seis anos após iniciar o monitoramento da violência armada no Rio de Janeiro, o Instituto Fogo Cruzado anunciou que a Região Metropolitana do estado atingiu a funesta marca de mil vítimas de bala perdida no fim 2022. A contagem começou a ser feita em julho de 2016. Das mil vítimas, 119 eram idosos (77 morreram), 92 eram adolescentes (27 morreram), 87 eram crianças (21 morreram) e dez eram gestantes (duas morreram).

Aquecimento global/ Mau presságio

Os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados

O desmatamento na Amazônia cresceu 150% em dezembro – Imagem: iStockphoto

Marcado por uma onda de eventos climáticos extremos em diferentes regiões do planeta, 2022 foi o quinto ano mais quente registrado pelo Copernicus, o programa de monitoramento de aquecimento global da Comissão Europeia. As temperaturas no ano passado foram 1,2°C mais altas do que entre ­1850-1900. Com isso, 2022 foi o oitavo ano consecutivo em que os termômetros marcaram ao menos 1°C acima do nível pré-industrial.

O desequilíbrio contou com a inestimável contribuição do Brasil. Em dezembro, último mês do governo Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 150%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A floresta perdeu 218,4 quilômetros quadrados de cobertura vegetal, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe.

O desmatamento em 2022 também atingiu recordes durante os meses da estação seca (agosto, setembro e outubro), quando o corte raso e os incêndios costumam aumentar. A devastação é causada, sobretudo, pela atuação de grileiros e fazendeiros, que desmatam áreas para gado e soja.

Peru/ Tormenta andina

Promotoria anuncia investigação contra presidente após 40 mortes em protestos

Os manifestantes exigem a renúncia de Dina Boluarte – Imagem: Hugo Curotto/AFP

Violentos confrontos entre policiais e manifestantes resultaram em 18 mortes no Peru, no domingo 8. Os distúrbios ocorreram nos arredores do aeroporto de Juliaca, na região de Puno, em meio a novos protestos e bloqueios de estradas pela renúncia da presidente Dina Boluarte. Em um mês, as manifestações contra o governo nas regiões de ­Puno, Apurímac, La Libertád, Junín, ­Arequipa e Ayacucho deixaram ao menos 40 mortos, o que levou a promotoria peruana a investigar Boluarte pelos crimes de “genocídio, homicídio qualificado e ferimentos graves”.

De acordo com o governo, as forças de segurança reagiram a um “motim” preparado por milhares de manifestantes no terminal aéreo. “Mais de 9 mil pessoas se aproximaram do aeroporto de Juliaca e cerca de 2 mil delas iniciaram um ataque impiedoso contra a polícia e as instalações, utilizando armas improvisadas e pólvora, criando uma situação extrema.”

As mortes agravaram a indignação popular nas cidades de Puno e Juliaca, cujos habitantes estão em greve há uma semana e mantêm o comércio fechado. Um enterro coletivo das vítimas foi organizado na tarde da terça-feira 10. Pouco antes, a ONU também exortou Boluarte a respeitar os direitos humanos e evitar o uso desproporcional da força nos protestos, além de sugerir uma “solução pacífica e negociada para a crise”.

França/ Aposentadoria tardia

Macron propõe reforma da Previdência e sindicatos declaram greve

Os sindicatos prometem uma megaparalisação em 19 de janeiro – Imagem: Philippe Lopez/AFP

O presidente da França, ­Emmanuel Macron, despertou a ira dos trabalhadores ao apresentar um plano de reforma da Previdência, que pretende aumentar gradualmente a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030. Em reação imediata, os principais sindicatos franceses convocaram greves por todo o país em protesto.

Segundo o governo, fazer­ os franceses trabalhar por mais tempo é crucial para evitar déficits persistentes em um sistema de Previdência público e financiado por contribuições dos trabalhadores. Organizações sindicais argu­mentam, porém, que a reforma punirá injustamente os tra­balhadores menos qualificados e pobres, que começaram a trabalhar mais cedo, a exemplo do ocorrido no Brasil após a reforma de Jair Bolsonaro.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1242 DE CARTACAPITAL, EM 18 DE JANEIRO DE 2023.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A Semana”

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