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‘Intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe’, alerta Lula
Em discurso na Cúpula do Mercosul, o presidente afirmou que a presença militar dos EUA na região coloca em risco a soberania da América do Sul
O presidente Lula (PT) voltou a criticar a crise sem precedentes entre os Estados Unidos e a Venezuela, que registrou nova escalada na última semana depois que Donald Trump anunciou um bloqueio naval a petroleiros sancionados que entram e saem do país.
Segundo disse o brasileiro, “o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional” que testa os limites do direito internacional. As declarações foram dadas neste sábado 20, durante discurso na sessão plenária da Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no Paraná. A cerimônia marca o fim da presidência brasileira no bloco.
“Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária no hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, advertiu Lula no encontro.
A declaração do presidente brasileiro acontece em um momento da escalada da crise entre Estados Unidos e Venezuela, com novas sanções impostas por Trump ao país comandado por Nicolás Maduro.
Esta semana, o republicano anunciou um bloqueio naval aos petroleiros submetidos a sanções que entram e saem da Venezuela. A sanção ocorreu dias depois de os Estados Unidos interceptarem e apreenderem um navio-tanque que estava sancionado pelo Departamento do Tesouro e tinha acabado de sair da Venezuela carregado de petróleo.
A campanha de pressão de Trump sobre Maduro inclui também uma forte presença militar na região e mais de duas dezenas de ataques militares contra embarcações no Oceano Pacífico e no Mar do Caribe, onde os EUA já mataram mais de cem pessoas.
O governo Trump tem justificado as manobras militares como parte do combate ao narcotráfico, o que é refutado pelo presidente Maduro, que denuncia um ‘intervencionismo ilegal e brutal’. Na sexta-feira 19, o presidente Donald Trump declarou não descartar uma guerra com o país.
Lula, no discurso deste sábado, destacou também que as ameaças à soberania da América do Sul se apresentam com guerras, forças antidemocráticas e por conta da atuação do crime organizado.
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