Recebi a convocação pelo Facebook: “Quem defende a democracia não foge à luta”. Naquele grupo, alguns nutriam grandes expectativas em relação aos rumos do movimento: “O agro e os caminhoneiros vão parar o Brasil”. Outros não disfarçavam o cansaço com as infrutíferas mobilizações anteriores, a exemplo dos patriotas goianos que pediam doações via Pix para financiar a viagem até São Paulo. “Caravana pela última vez”, anunciaram, em tom de súplica. Diante do esforço dos meus colegas na rede social, senti vergonha por ter cogitado usar o domingo para descansar, ainda mais vivendo tão perto do palco da batalha. Resgatei do fundo da gaveta uma desbotada camiseta amarela, envolvi o pescoço com uma flâmula verde-amarela e parti feito um foguete em direção à Avenida Paulista.
Bem… Era isso o que pretendia, mas o transporte coletivo não colaborou. Em São Paulo, aos domingos, não se paga mais a tarifa do ônibus, até porque se tornou quase impossível encontrar um circulando após o anúncio da gratuidade. Como de hábito, sobravam passageiros desamparados no terminal da Lapa. Meio sem jeito, um fiscal da SPTrans culpou o congestionamento causado pelo levante democrático. Contrariado, comprei o bilhete de trem. Não poderia decepcionar meus colegas goianos, que também poderiam estar presos no trânsito após uma desgastante viagem de quase mil quilômetros. Durante a baldeação na estação Barra Funda, percebi que a mobilização foi bem-sucedida. Os vagões do Metrô estavam repletos de patriotas, devidamente uniformizados com a camisa da CBF.
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