Política
Independentes criticam relatório da CPMI do Cachoeira e apresentam documento paralelo
Grupo queria ampliar investigações sobre os governadores do Rio de Janeiro, Distrito Federal e Tocantins
Ivan Richard e Karine Melo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Insatisfeitos com o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as atividades do grupo do contraventor e empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, parlamentares que se dizem independentes informaram que vão protocolar nesta tarde representação na Procuradoria-Geral da República. No documento, que é uma espécie de relatório paralelo, os parlamentares pedem a quebra de sigilo de empresas fantasmas que teriam recebido dinheiro da Construtora Delta e a abertura de investigação contra os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do Tocantins, Siqueira Campos.
O relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), posto à diposição dos integrantes da CPMI na madrugada de hoje (21), nem chegou a ser discutido e já é alvo de críticas. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) reagiu à parte do texto em que o relator recomenda que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, seja investigado pelo Conselho Nacional do Ministério Público por ter suspendido “sem justificativa” as investigações da Operação Vegas da Polícia Federal, que apontou indícios de ligações de Cachoeira com parlamentares.
Segundo o senador, tudo começou por causa de um trabalho do do Ministério Público Federal. “Houve uma disputa interna no PT sobre quem seria indiciado e prevaleceu a pior versão, que é abrir investigação contra o representante da principal instituição que iniciou a investigação. É uma inversão de valores. É trazer para o lume da investigação o investigador. Isso desvirtua o que é central, a empreiteira Delta”, afirmou Randolfe.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). ressaltou que, como o governo tem maioria na CPMI, é certo que o relatório será aprovado do jeito que está. “As cartas estão marcadas e não dá para gerar falsas expectativas. É um relatório insuficiente, porque não alcança o essencial, aquilo que deveria ser investigado.
Para Dias, a CPMI “ mais escondeu que revelou” e apenas compilou o trabalho da Polícia Federal para encaminhar ao Ministério Público. “A missão da CPI seria investigar aquilo que não foi investigado pela Policia Federal e pelo Ministério Público. A matriz desse escândalo de corrupção é a Delta. Cachoeira foi coadjuvante.”
O relator aceita fazer mudanças no relatório. “O relatório é da comissão. Não queremos fazer nenhum cavalo de batalha. O que fiz foi apresentar minhas convicções sobre as pessoas que se envolveram com a organização criminosa e dela participaram”, explicou Odair Cunha. Ao sugerir o indiciamento de 46 pessoas que se envolveram com o esquema montado por Cachoeira, o relator destacou que individualizou a conduta de todas as pessoas envolvidas com o grupo.
“Precisamos fazer um acordo de procedimento para viabilizar a discussão, votação e aprovação do nosso relatório. É natural que, em um relatório de 5 mil páginas, tenhamos muitas dúvidas e questionamentos”, disse Odair Cunha. Sobre o pedido de investigação do governador de Goiás, Marconi Perillo, Cunha destacou que ele precisa esclarecer sua ligação com o grupo de Cachoeira. “ Por que ele se envolveu tão intimamente com a organização criminosa, deixou que ela tomasse conta de parte importante do seu governo? Não temos culpa de ele ter se relacionado com essa organização.”
Quanto às críticas por ter deixado fora do relatório os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do Rio de Janeiro, Ségio Cabral, o relator respondeu: “Não investigamos, em nenhum momento, o governador do Rio de Janeiro. Investigamos, sim, as incursões da organização criminosa no Distrito Federal e não restaram provadas, em nenhum momento, vinculações do governador Agnelo Queiroz com o empresário Carlos Cachoeira.”
*Matéria originalmente publicada na Agência Brasil
Ivan Richard e Karine Melo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Insatisfeitos com o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as atividades do grupo do contraventor e empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, parlamentares que se dizem independentes informaram que vão protocolar nesta tarde representação na Procuradoria-Geral da República. No documento, que é uma espécie de relatório paralelo, os parlamentares pedem a quebra de sigilo de empresas fantasmas que teriam recebido dinheiro da Construtora Delta e a abertura de investigação contra os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do Tocantins, Siqueira Campos.
O relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), posto à diposição dos integrantes da CPMI na madrugada de hoje (21), nem chegou a ser discutido e já é alvo de críticas. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) reagiu à parte do texto em que o relator recomenda que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, seja investigado pelo Conselho Nacional do Ministério Público por ter suspendido “sem justificativa” as investigações da Operação Vegas da Polícia Federal, que apontou indícios de ligações de Cachoeira com parlamentares.
Segundo o senador, tudo começou por causa de um trabalho do do Ministério Público Federal. “Houve uma disputa interna no PT sobre quem seria indiciado e prevaleceu a pior versão, que é abrir investigação contra o representante da principal instituição que iniciou a investigação. É uma inversão de valores. É trazer para o lume da investigação o investigador. Isso desvirtua o que é central, a empreiteira Delta”, afirmou Randolfe.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). ressaltou que, como o governo tem maioria na CPMI, é certo que o relatório será aprovado do jeito que está. “As cartas estão marcadas e não dá para gerar falsas expectativas. É um relatório insuficiente, porque não alcança o essencial, aquilo que deveria ser investigado.
Para Dias, a CPMI “ mais escondeu que revelou” e apenas compilou o trabalho da Polícia Federal para encaminhar ao Ministério Público. “A missão da CPI seria investigar aquilo que não foi investigado pela Policia Federal e pelo Ministério Público. A matriz desse escândalo de corrupção é a Delta. Cachoeira foi coadjuvante.”
O relator aceita fazer mudanças no relatório. “O relatório é da comissão. Não queremos fazer nenhum cavalo de batalha. O que fiz foi apresentar minhas convicções sobre as pessoas que se envolveram com a organização criminosa e dela participaram”, explicou Odair Cunha. Ao sugerir o indiciamento de 46 pessoas que se envolveram com o esquema montado por Cachoeira, o relator destacou que individualizou a conduta de todas as pessoas envolvidas com o grupo.
“Precisamos fazer um acordo de procedimento para viabilizar a discussão, votação e aprovação do nosso relatório. É natural que, em um relatório de 5 mil páginas, tenhamos muitas dúvidas e questionamentos”, disse Odair Cunha. Sobre o pedido de investigação do governador de Goiás, Marconi Perillo, Cunha destacou que ele precisa esclarecer sua ligação com o grupo de Cachoeira. “ Por que ele se envolveu tão intimamente com a organização criminosa, deixou que ela tomasse conta de parte importante do seu governo? Não temos culpa de ele ter se relacionado com essa organização.”
Quanto às críticas por ter deixado fora do relatório os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do Rio de Janeiro, Ségio Cabral, o relator respondeu: “Não investigamos, em nenhum momento, o governador do Rio de Janeiro. Investigamos, sim, as incursões da organização criminosa no Distrito Federal e não restaram provadas, em nenhum momento, vinculações do governador Agnelo Queiroz com o empresário Carlos Cachoeira.”
*Matéria originalmente publicada na Agência Brasil
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