Igrejas mobilizaram golpistas e financiaram ônibus para 8 de janeiro, revela site

Depoimentos colhidos pela PF entre os mais de mil bolsonaristas presos apontam a participação de igrejas evangélicas nos atos

Foto: Sergio Lima/AFP

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Igrejas evangélicas teriam mobilizado golpistas e financiado ônibus que levaram bolsonaristas para os atos terroristas de 8 de janeiro em Brasília. O apontamento consta em parte dos depoimentos dos presos à Polícia Federal. O conteúdo das oitivas foi revelado pelo site UOL nesta quarta-feira 15.

A informação sobre o financiamento dos atos em frente ao quartel de Brasília por igrejas evangélicas foi citada em, ao menos, cinco depoimentos. Há a indicação de que partiu dos religiosos a organização de parte das caravanas que levaram os golpistas até o Distrito Federal.

Na reportagem, três denominações foram citadas de forma específica: a Igreja Presbiteriana Renovada, de Sinop, no Mato Grosso; a Igreja Batista de Maceió, em Alagoas; e a Assembleia de Deus de Xinguara, no Pará. Nos demais depoimentos, os presos se negaram a fornecer nomes, mas confirmaram a participação de religiosos na organização ou no financiamento.

Segundo o site, os presos Sirlei Siqueira e Jamil Vanderlino, ambos de Sinop, garantiram à PF que viajaram em uma excursão montada ou financiada por uma igreja evangélica. Vandelirno não aponta o nome da instituição, mas diz que o ônibus teria sido financiado pelos religiosos. Já Siqueira aponta a Igreja Presbiteriana Renovada como organizadora da excursão. Procurada, a igreja nega participação dos seus pastores nos atos e diz não saber quem teria organizado a caravana golpista.

Em outro depoimento revelado pelo site, desta vez de um preso de Uberlândia, em Minas Gerais, é possível ler o relato da participação direta de um pastor na mobilização de golpistas que foram a Brasília. Ele estava em frente ao quartel da cidade mineira oferecendo ônibus gratuitamente para os manifestantes. O preso disse não se recordar do nome, nem da igreja que o homem pertencia.

Há ainda outros dois presos, um de Alagoas e outro do Pará que citaram a participação de igrejas evangélicas nos atos de 8 de janeiro. Ademir Almeida da Silva, um bolsonarista de Maceió preso naquela ocasião, disse à PF que recebia 400 reais por mês do pastor Adiel Brandão de Almeida, da Igreja Batista, para se manter mobilizado nas ruas do DF pela pauta golpista. Procurado, o religioso confirmou o pagamento, mas alegou se tratar de uma ‘cooperação’ particular e não em nome da igreja.


Já no caso paraense, presos confirmaram estar em uma caravana com outros integrantes da Assembleia de Deus da cidade de Xinguara, mas se negaram a fornecer o nome do financiador.

É importante destacar que os mais de 1 mil depoimentos obtidos pelo site são iniciais e, portanto, curtos e sem muito aprofundamento para agilizar o trabalho de investigação. Nada impede, porém, que sejam aprofundados em fases posteriores da investigação conduzida pela Polícia Federal, que tem como uma das frentes identificar e punir financiadores do terrorismo em Brasília.

Nesta semana, vale lembrar, boa parte dos presos foi solta com medidas cautelares. Só na segunda-feira, uma decisão de Alexandre de Moraes libertou 130 bolsonaristas de uma única vez. Restam presos 392 pessoas, sendo 310 homens e 82 mulheres, segundo balanço divulgado pelo Supremo. Até o momento, a PGR denunciou mais de 900 pessoas por incitação pública ao crime e associação criminosa.

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