A expressão terra arrasada ganha literalidade quando se fala do meio ambiente. Durante os quatro anos do governo Bolsonaro, a Amazônia e o Pantanal arderam em chamas, o genocídio indígena remontou aos tempos da colonização portuguesa e o crime organizado virou a força motriz da economia da floresta. Entende-se, portanto, o alívio que a eleição de Lula, ou, por outra, a derrota do ex-capitão provocou nos ambientalistas, líderes políticos internacionais e cientistas. Passados cem dias da nova administração e diante das primeiras medidas, o clima geral nesta comunidade é de boa vontade. Pesam a favor os esforços iniciais do Ministério do Meio Ambiente para o soerguimento do Ibama, órgão responsável pelas ações de comando, controle e fiscalização ambiental no País, e a desobstrução do Fundo Amazônia, que, além de Noruega e Alemanha, receberá dinheiro dos Estados Unidos e promete reavivar os projetos de desenvolvimento sustentável na região. A restauração da participação da sociedade civil em colegiados como o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) também é celebrada.
Ao mesmo tempo, realidades como o enfraquecimento da bancada ambientalista no Congresso e a falta de indicativos políticos de como será adotada a prometida transversalidade da questão climática em um governo de frente ampla mostram, segundo as fontes ouvidas por CartaCapital, a extensão dos desafios pela frente. Também causa preocupação a lentidão na nomeação para os comandos do ICMBio, responsável pela gestão das Unidades de Conservação, e do Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que acompanha o cumprimento das metas de biodiversidade. “Nestes cem dias foi retomada a centralidade da agenda ambiental e foram adotadas medidas importantes para que o Brasil cumpra seu dever doméstico e se posicione novamente no âmbito do enfrentamento à crise climática global”, afirma o deputado federal Nilto Tatto, do PT.
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