Política
Heleno ignora tortura, defende o golpe de 1964 e causa revolta em CPI
O general bolsonarista se referiu ao golpe como ‘movimento’ em depoimento à CPI do 8 de Janeiro na Câmara do DF


O general da reserva do Exército Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, defendeu nesta quinta-feira 1º o golpe de 1964, que mergulhou o Brasil em uma ditadura da qual o País só sairia 21 anos depois.
Heleno prestou depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal, criada para investigar os ataques de 8 de Janeiro.
“As coisas são vistas de um lado, como sempre. O deputado acha que o movimento de 1964 matou mais de mil pessoas, o que não aconteceu. Acha que foi um movimento de vingança, de ódio, quando o movimento de 64 salvou o Brasil de virar um País comunista”, alegou o bolsonarista.
A afirmação gerou a revolta de parlamentares. “Ditadura nunca mais. Não vamos compactuar com defesa da ditadura no Parlamento”, reagiu Fábio Felix (PSOL). Também foi possível ouvir gritos de “sem anistia”. Enquanto isso, bolsonaristas como Thiago Manzoni (PL) saíram em defesa de Heleno.
Segundo levantamento divulgado em 2019 pela Human Rights Watch, mais de 20 mil pessoas foram torturadas durante a ditadura militar no Brasil. Além disso, 434 foram mortas ou seguem desaparecidas, conforme números oficiais. Durante o período, 4.841 representantes eleitos pelo povo foram destituídos de seus cargos.
A ditadura fechou o Congresso Nacional, cassou habeas corpus e censurou as artes e a imprensa. Em 2014, pela primeira vez as Forças Armadas reconheceram a ocorrência de desaparecimentos e mortes durante o regime em ofício encaminhado à Comissão Nacional da Verdade. Na economia, a manipulação da coleta de informações fez com que os índices oficiais de inflação ficassem artificialmente baixos.
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