Política

Haddad: ONU julgará mérito de caso Lula em 2019

Presidenciável, que também é advogado de Lula, esteve em Curitiba e disse que ex-presidente “não troca sua dignidade pela liberdade”

Haddad foi a Curitiba na segunda-feira 17 visitar o ex-presidente Lula
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O candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, foi a Curitiba na segunda-feira 17 dizer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – preso na sede da Polícia Federal na cidade – que a ONU deverá julgar, no primeiro semestre de 2019, o mérito do processo que o condenou a 12 anos de prisão. “O presidente reiterou que não troca sua dignidade pela liberdade e tem convicção que as cortes superiores do Brasil e os fóruns internacionais vão atestar sua inocência”.

Após a visita ao ex-presidente, Haddad falou com jornalistas e comentou os números das primeiras pesquisas eleitorais que o incluem após a oficialização de sua candidatura. Disse que Lula ficou satisfeito e já esperava por estes resultados. “Ele fez questão de dizer que as pesquisas são apenas o retrato do momento, mas não é o que deve mover nossa campanha. Teremos muito trabalho nas próximas três semanas”, disse.

Haddad contou ainda que Lula elogiou a linha da campanha adotada pela coligação e pediu que reforçasse o discurso de paz e harmonia para a reconstrução do País, com ênfase em políticas públicas voltadas aos mais necessitados. “O foco de nosso programa de governo será trabalho e educação. São dois eixos propositivos da nossa campanha”.  

Questionado sobre seu projeto de governo voltado à geração de emprego, o candidato explicou que as propostas estão desenhadas em três eixos: reforma tributária, que visa aumentar a renda disponível das famílias de classe média e baixa; a reforma bancária para reduzir drasticamente os juros para os tomadores finais; e a reforma fiscal, que abre espaço no orçamento público para retomada de obras públicas, cujo impacto na geração de emprego é muito alto.

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Sobre educação, Haddad disse que em seu governo será prioridade a formação inicial e contínua dos professores, além do apoio federal ao ensino médio público estadual. “Cada escola federal irá adotar escolas estaduais com baixo desempenho a fim de promover o avanço nessa etapa do ensino que ainda exige cuidados”.

Haddad reafirmou que o ex-presidente será um grande conselheiro, pois trata-se de um interlocutor permanente de todos os dirigentes do partido. “Enquanto outros partidos escondem seus dirigentes, nós temos orgulho de tê-lo em nossos quadros”. Indagado se ele poderia vir a fazer parte de seu ministério, disse que a participação de qualquer ex-presidente é sempre uma questão muito delicada e que isso só acontece em circunstâncias muito particulares. Lembrou que o próprio Lula se propôs a assumir a Casa Civil no governo da então presidenta Dilma Rousseff em função do processo do impeachment.  

Em relação a uma possível polarização política no País em caso de disputa com o candidato Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno, Haddad afirmou que sua coligação se propõe apresentar um programa de governo. “Caso existam dois projetos claramente definidos, será muito bom para o País, pois o eleitor poderá escolher o melhor. Não temos nenhuma dificuldade em confrontar ideias” afirmou.

Yom kippur

À véspera do Yom Kippur – o dia do perdão para o povo judeu, que começa nesta terça-feira 18 – um grupo formado por vinte pessoas de origem judaica, vindos do Rio de Janeiro e São Paulo, liderados pelo rabino brasileiro radicado em Israel, Jayme Fucs, esteve na “Vigília Lula Livre” para manifestar solidariedade ao ex-presidente.

O rabino visitou Lula durante quase uma hora. “Para nós, o Yom Kippur é um dia muito importante. Na visita, perguntei ao ex-presidente sobre o perdão e o que ele me disse foi muito forte, muito marcante”, afirmou aos jornalistas.

Segundo Fucs, Lula lamentou não ter feito mais pelos trabalhadores, pelos pobres, pelos miseráveis, a fim de devolver a dignidade e a esperança aos mais necessitados. “Lula é uma pessoa muito forte. É impressionante a força que ele tem. Na situação que se encontra, isolado em uma cela, mesmo assim ele resiste”. Disse que seu papel naquele momento não era político, mas de um rabino que levava o conforto e a esperança a um ser humano em situação muito difícil. “Espero que hoje eu tenha cumprido aqui esse meu legado. Foi um momento muito emocionante da minha vida”.

Em um manifesto distribuído, o grupo afirma que “viemos aqui impelidos pela afeição que temos pela paz. Shalom (…). Por isso visitamos Lula, que simboliza as muitas injustiças (…) e os atos de arbitrariedade provocados por vingança e perseguição política. ” A visita terminou sob o toque do Shofar – instrumento confeccionado de chifre de cabra, usado apenas em grandes ocasiões e simboliza o arrependimento e a lembrança que nunca é tarde para despertar.

 

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