Haddad lembra artigo ao afirmar que reconhece erros do PT na economia

O candidato do PT, Fernando Haddad, esteve nesta segunda-feira 8 em Curitiba para um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo após ser confirmado no segundo turno contra Jair Bolsonaro, do PSL.

Após a visita, Haddad concedeu entrevista em um hotel no centro da cidade. Disse estar muito animado, pois trata-se de uma oportunidade que “não tivemos no primeiro turno para debater os projetos que cada candidato defende para o país”. Para ele, este momento é de grande importância não só para o Brasil, mas para todo o mundo, pelo papel que o país representa no cenário internacional.

Leia também:
Guilherme Boulos convoca para ato “Ditadura Nunca Mais”
Haddad não vencerá Bolsonaro com imagem colada a Lula e ao PT

Questionado sobre a postura do partido no segundo turno em relação a uma possível autocrítica dos governos petistas, Haddad afirmou que há mais de um ano, em um longo texto publicado na revista Piauí, fez um balanço dos equívocos na condução da política econômica, os acertos e as medidas corretivas.

“Neste mesmo texto, procurei demonstrar ainda que a maneira como o Congresso se portou em 2015 colocou em risco as bases de sustentação das finanças públicas”. Disse que, no segundo turno das eleições, pretende expor todas estas questões nos debates e sabatinas que participar.

Justificou que, aquilo que não foi possível debater, deve-se ao pouco tempo da disputa. “Tivemos apenas 22 dias de campanha. Um candidato até então desconhecido ter chegado ao segundo turno com 31 milhões de votos, foi um grande feito. Conseguimos pela força do projeto que a gente representa”.

Afirmou que, nesta fase das eleições, irá sentar com Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (Psol) e outros candidatos derrotados no primeiro turno para discutir um projeto comum. “Vou tentar reunir as forças democráticas progressistas, representadas por algumas candidaturas como o a do Ciro e do Boulos.Vamos conversar com alguns governadores e dirigentes do PSB, pois temos interesse que todas essas forças estejam aglutinadas em torno de um projeto de inclusão social” disse.

“Falei ontem com o Ciro, mas foi um telefonema de cortesia. Vou ligar para ele agora institucionalmente e, se ele se dispuser, vamos sentar para conversar e tratar desses assuntos, como tratamos tranquilamente com o PCdoB, onde podemos reajustar parâmetros a fim de que ele seja o mais representativo desta ampla aliança democrática, numa perspectiva de reafirmação dos direitos sociais e do estado democrático”, acrescentou.

Para ele, a questão econômica será a tônica dos debates nesta fase da eleição. “Não pode ter tema tabu numa campanha eleitoral. Mas o que penso que vai nortear o segundo turno é muito o modelo econômico.

O neoliberalismo que ele propõe e o estado de bem-estar social que propomos, em relação aos direitos trabalhistas, direitos sociais, esse é um núcleo importante da nossa diferença. Outros temas virão, como política externa, políticas sociais, o que fazer com a segurança pública. Neste caso [segurança pública] nosso modelo é fortalecer a Policia Federal. Entendemos que se trata de um serviço público e armar a população é desonerar o estado de proteger o cidadão. Armar a população só vai resultar mais mortes e lucros para quem produz armas, mas jamais em maior segurança”.

Criticou os ataques que ele e sua vice, Manuel D’Ávila, sofreram pelas redes sociais e afirmou que irá propor a discussão e a assinatura um termo de compromisso ético entre os candidatos. “Pretendemos manter uma campanha propositiva, como fizemos no primeiro turno. Esperamos que Justiça Eleitoral aja com mais rapidez e rigor.

O que aconteceu nas redes sociais, com ataques, ofensas à honra, injúrias, não favorece a democracia”. Reiterou que não se furtará em responder nenhuma questão, mas que sejam feitas olho no olho. “É muito difícil se defender de uma enxurrada de ofensas via rede social. No último dia de campanha conseguimos tirar do ar 35 matérias falsas sobre mim e sobre a Manuela”.

Eleições no Paraná – O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, saiu vitorioso com 56,89% dos votos, contra 19,70% de Fernando Haddad. Para o governo do estado, Ratinho Junior (PSD) foi eleito no primeiro turno com 59,99% dos votos. A governadora Cida Borghetti (PP), que tentava à reeleição, ficou em segundo lugar com 15,53%.

Na eleição para o Senado, a grande surpresa foi a derrota do senador Roberto Requião (MDB). Nas pesquisas de sábado 6, um dia antes do pleito, o emedebista liderava com quase 30%. Em primeiro lugar ficou Oriovisto Guimarães (Podemos) com 29,17% e em segundo Flávio Arns (Rede) com 23%. Requião ocupou o terceiro lugar, com 15,08%.

Mas o maior derrotado neste pleito foi o ex-governador Beto Richa, PSDB. No início da campanha as pesquisas apontavam a candidatura com um índice de 30% de intenção de votos. Dez dias após sua prisão, ocorrida em 11 de setembro, o tucano despencou para 15% e se manteve, de acordo com as pesquisas, até a véspera da votação. No final das apurações, as urnas mostraram o índice de 3,7%. Seu filho, Marcello Richa, candidato a deputado estadual, obteve exatos 20.021 votos e também foi derrotado.