Política
Haddad diz que Castro não age para cortar o braço financeiro do CV no Rio: ‘Precisa acordar’
O ministro da Fazenda, ao defender a PEC da Segurança Pública, afirmou que o governo do estado do RJ não faz ‘praticamente nada’ para cortar o fluxo de dinheiro que abastece o crime organizado no estado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nesta quarta-feira 29 o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), após a operação policial que causou mais de 100 mortes na cidade do Rio na véspera. Para Haddad, Castro não age no cerne do problema: o financiamento das organizações criminosas.
“O governo do estado do Rio tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustíveis, que é como você irriga o crime organizado. Para pegar o andar de cima do crime organizado, que é quem efetivamente tem o dinheiro na mão e é quem municia as milícias, você tem que combater da onde está vindo o dinheiro”, afirmou o ministro em conversa com jornalistas em Brasília. “Ele [Castro] precisa acordar para esse problema. É um problema crônico do Rio. Precisamos nos organizar”.
O ministro cobrou mobilização em busca de aprovação da PEC da Segurança Pública, política que sofre a oposição de Castro. Para Haddad, a proposta garantiria a integração entre governadores, a presidência da República e órgãos como a Receita Federal e o Ministério Público contra as facções.
Haddad disse que Castro se omitiu, por exemplo, depois que a Receita Federal reteve quatro navios com combustíveis no último dia 26 de setembro. Parte da carga seria destinada ao Rio de Janeiro e, segundo o ministro da Fazenda, serviria para financiar atividades criminosas.
“O dinheiro, no caso do Rio de Janeiro, todo mundo sabe que está vindo do contrabando de combustíveis, da fraude tributária, da simulação de refino, da distribuição de combustível batizado, e penso que o governador deveria acordar para esse problema, que é crônico no Rio de Janeiro, e nos ajudar. Ajudar a Receita Federal a combater o andar de cima”, insistiu o ministro.
“Quando o dinheiro está irrigando o crime é muito difícil você, na ponta, conseguir controlar. Tem que controlar pelo alto, asfixiar o crime. Sem dinheiro, eles [o crime] têm pouca capacidade de atuação”, complementou Haddad.
Críticas ao governo federal – e respostas
Ao falar sobre a operação na terça-feira, Castro disse que as forças de segurança do Rio de Janeiro agiram sozinhas, e reclamou de falta de parceria do governo federal. Entretanto, reconheceu que não tinha solicitado apoio para a ação, o que foi confirmado horas mais tarde pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski: “não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro”.
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