Economia
Haddad critica ‘sanha tarifária’ de Trump e vê possível desvalorização do dólar à frente
O ministro indicou acreditar em uma queda do dólar ainda este ano, mesmo sem uma grande diminuição dos juros nos EUA


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira 28 que acredita ser possível ver ainda neste ano uma desvalorização do dólar. O ministro ainda criticou o que chamou de ‘sanha tarifária’ do governo de Donald Trump.
“Não consigo enxergar equilíbrio na economia dos EUA sem a desvalorização do dólar. Não vejo onde o equilíbrio vai acontecer sem o dólar passar por algum processo de desvalorização”, disse o ministro em um evento promovido pela Arko Advice, em São Paulo.
“Não acho que tarifa vá resolver, pelo contrário acredito que possa agravar a situação”, continuou Haddad. Desde que Donald Trump assumiu a Casa Branca, o republicano tem elevado tarifas a parceiros comerciais, justificando ser necessário para equilibrar um suposto déficit comercial.
Em meio a esse contexto dos EUA, o dólar alto favorece as importações e prejudica as exportações. Por isso, na avaliação de Haddad, a desvalorização do câmbio americano vai ser uma medida necessária para a saúde da economia americana.
“Talvez a gente já consiga ver neste ano uma desvalorização do dólar, mesmo que o juro não caia tanto nos EUA. Se isso acontecer, vai aliviar para o Banco Central”, afirmou o ministro.
Apesar disso, Haddad afirmou ser difícil dizer com precisão como estarão as coisas até o fim do ano, já que diversos fatores podem influenciar as projeções. ” Depende da autoridade monetária, da autoridade fiscal dos EUA e dessa sanha tarifária que nós não sabemos como vai terminar”, comentou.
O Brasil terminou a última semana com a quarta maior taxa real de juros do mundo, segundo o monitoramento das consultorias MoneYou e Lev Intelligence. O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a Selic de 13,25% para 14,25% ao ano.
No comunicado em que anunciou a nova Selic, o comitê informou que, a se confirmar o cenário esperado, promoverá um novo ajuste, mas de menor magnitude, no próximo encontro, em maio. A quinta alta consecutiva ocorreu na segunda reunião do colegiado sob o comando de Gabriel Galípolo, sucessor de Roberto Campos Neto.
O ministro ainda rejeitou que o governo Lula vá realizar alguma mudança na política de meta fiscal. “Nós vamos manter o curso da nossa política, cumprindo e buscando as metas. Não vamos inventar nada, não é do feitio do presidente Lula inventar nada por razões eleitorais”, disse.
Para 2025, o novo arcabouço fiscal prevê uma meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos.
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