Economia
Haddad critica proposta que daria fim ao parcelamento sem juros: ‘É o padrão brasileiro’
O ministro da Fazenda, por outro lado, demonstrou simpatia à sugestão de acabar com o rotativo, que acumula 15% de juros compostos ao mês


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a proposta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que daria fim ao parcelamento sem juros, como alternativa para compensar as altas taxas de juros do crédito rotativo.
Conforme definiu o petista, a compra de produtos por meio do parcelamento sem juros é “o padrão brasileiro de compras” e não pode ser cancelada. A declaração ocorreu em entrevista ao podcast Reconversa, com o jornalista Reinaldo Azevedo e o advogado Walfrido Warde, que foi ao ar nesta segunda-feira 14.
Segundo a Febraban, 75% das carteiras dos emissores e 50% das compras são feitas com parcelado sem juros no Brasil.
“As compras são feitas assim”, afirmou Haddad. “Então, você não pode mexer nisso aí. Você tem que proteger quem está caindo no rotativo, claro. Você tem que fazer alguma coisa por essa pessoa, mas, se você for comprometer o sistema de vendas que é o padrão brasileiro de compras hoje, é esse. Até alimento está sendo comprado assim.”
Por outro lado, Haddad demonstrou simpatia à sugestão de acabar com o rotativo. Segundo ele, o mecanismo acumula 15% de juros compostos ao mês. Em um ano, o percentual alcança o patamar dos 400%. O ministro disse que o tema foi debatido entre a Fazenda e as instituições financeiras nos últimos meses.
O crédito rotativo é oferecido aos consumidores que não fazem o pagamento integral da fatura do cartão de crédito até o vencimento. Em maio, os juros dessa linha atingiram 455% ao ano, maior índice desde 2017.
“Você cai numa linha de crédito chamada rotativo que te impõe uma carga de juros de 15% ao mês composto. Ou seja: 15 sobre 15, sobre 15, sobre 15…”, criticou o ministro da Fazenda.
No início de agosto, Haddad informou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer que a Fazenda apresente uma solução para o crédito rotativo em 90 dias. Na semana passada, Campos Neto tocou nesse tema em uma audiência no Senado Federal e cogitou o fim do rotativo.
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