Política
Hacker diz à PF que relatório das Forças Armadas sobre a eleição se baseou em suas ‘explicações’
A auditoria dos militares não identificou qualquer fraude no pleito, mas levantou especulações


O hacker Walter Delgatti Neto, preso nesta quarta-feira 2 pela Polícia Federal, afirmou em depoimento à corporação que o relatório das Forças Armadas sobre a fiscalização do processo eleitoral de 2022 se baseou em suas “explicações”.
Em 9 de novembro, o Ministério da Defesa encaminhou o documento ao Tribunal Superior Eleitoral. A auditoria dos militares não identificou qualquer fraude no pleito, mas, ao contrário do monitoramento de outras entidades, levantou especulações e apresentou uma série de recomendações.
A auditoria da Defesa alega, por exemplo, que a partir dos testes de funcionalidade, realizados por meio do teste de integridade e do projeto-piloto com biometria, “não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”.
O relatório também é dúbio ao mencionar suposta limitação na abertura oferecida pela Justiça Eleitoral. Apresenta, por fim, “sugestões” para as próximas eleições, como a ampliação da participação de eleitores no projeto-piloto, o aumento no número de urnas selecionadas e uma “análise minuciosa dos códigos binários que efetivamente foram executados nas urnas”.
Em seu depoimento à PF, Delgatti afirmou ter se reunido com Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, para discutir as urnas, em 2022. Segundo o hacker, o ex-presidente perguntou a ele se conseguiria invadir os equipamentos caso estivesse em posse do código-fonte.
“Isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá, sendo que tudo que foi colocado no Relatório das Forças Armadas foi com base em explicações do declarante“, diz um trecho da oitiva.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Os argumentos de Moraes para autorizar a operação contra Zambelli e Delgatti
Por CartaCapital
Zambelli prometeu ’emprego garantido’ em caso de sucesso na invasão ao celular de Moraes, diz hacker à PF
Por Wendal Carmo
O valor pago por Zambelli para o hacker inserir falso mandado de prisão contra Moraes no sistema do CNJ
Por CartaCapital