Hacker diz à PF que Bolsonaro perguntou se ele conseguiria invadir urnas eletrônicas

Segundo Walter Delgatti, o ex-presidente consultou a possibilidade de invasão a partir do código-fonte

Foto: Sergio Lima / AFP

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O hacker Walter Delgatti Neto, preso nesta quarta-feira 2 pela Polícia Federal, afirmou em depoimento à corporação ter se reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, para discutir as urnas eletrônicas.

Segundo Delgatti, Bolsonaro perguntou a ele se conseguiria invadir as urnas caso estivesse em posse do código-fonte.

Diz um trecho do depoimento:

“QUE apenas pode afirmar que a Deputada CARLA ZAMBELLI esteve envolvida nos atos do declarante, sendo que o declarante, conforme saiu em reportagem, encontrou o ex-Presidente JAIR BOLSONARO no Palácio do Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a Urna Eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá”.

A operação desta quarta-feira, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, cumpriu uma ordem de prisão preventiva contra Delgatti e cinco mandados de busca e apreensão contra ele e a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

A Operação 3FA apura a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça em janeiro deste ano. Segundo a PF, a ação resulta de investigações sobre a inserção de documentos falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão, com o uso de credenciais que os investigados obtiveram ilicitamente.


Entre as informações fraudulentas incluídas no sistema havia um falso mandado de prisão de Alexandre de Moraes contra ele mesmo.

O inquérito policial que apura os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica tramita no STF, devido à presença de Zambelli – por ser deputada, ela conta com prerrogativa de foro por função.

Delgatti, por sua vez, responde a outro processo, no âmbito da Operação Spoofing, sobre a invasão de celulares de procuradores da Lava Jato.

Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta, Zambelli afirmou que Delgatti ofereceu “uma espécie de auditoria das urnas eletrônicas durante o primeiro e segundo turnos”.

“Depois disso, como é sabido, foi conhecer o Bolsonaro, porque teria muitas informações sobre tecnologia. A conversa foi privada, mas a pergunta que o presidente fez foi se as urnas eram confiáveis, e ele respondeu que nenhum sistema tecnológico é confiável”, prosseguiu a deputada de extrema-direita. “A partir dali não houve qualquer outro contato com o presidente Bolsonaro.”

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