Política

‘Há motivação política no assassinato e no inquérito’, diz vice-presidente do PT; federalização é o objetivo

A CartaCapital, lideranças do PT criticam o relatório policial sobre a morte de Marcelo Arruda e indicam os próximos passos jurídicos

Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

A conclusão da Polícia Civil do Paraná de que não houve motivação política no assassinato de um petista por um policial penal bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR) revoltou lideranças do Partido dos Trabalhadores. Em contato com CartaCapital, membros da Comissão Executiva Nacional da sigla reforçaram o descontentamento com o desenrolar do inquérito.

Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado contra Marcelo Arruda, por motivo torpe e por causar perigo comum, segundo a delegada Camila Cecconello.

Cecconello argumentou que Guaranho atirou contra Marcelo por ter se sentindo ofendido, já que o petista atirou um punhado de terra contra o carro dele, após uma provocação política.

“É difícil nós falarmos que é um crime de ódio, que ele matou pelo fato de a vítima ser petista”, alegou a delegada. “Para você enquadrar em crime político, tem que enquadrar em alguns requisitos. É complicado a gente dizer que esse homicídio ocorreu porque o autor queria impedir os direitos políticos da vítima. Parece mais uma coisa que se tornou pessoal.”

Para Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT, há duas motivações políticas no caso: o próprio assassinato e o inquérito.

“É preciso haver claramente uma despolitização das forças de segurança e do sistema de Justiça”, declarou. “Não constatar o óbvio, que houve uma invasão da festa por motivação política, é um absurdo. E é isso, sim, uma politização da investigação.”

Para o vice-presidente do partido, o Brasil “precisa de um governo que dissemina paz entre os brasileiros, não guerra, armas e agressão”.

Também integrante da Executiva Nacional, a deputada federal Maria do Rosário (RS) afirmou que “tudo é político no assassinato de Marcelo Arruda, desde a sua postura, livre e cidadã, de homenagear um candidato a presidente, até a atitude do assassino – não apenas um apoiador, mas um militante da causa do ódio e do fascismo”.

Rosário acrescenta que o PT não desistirá de buscar a federalização da investigação, o que, neste momento, não conta com o aval do procurador-geral da República, Augusto Aras.

“Sabemos que o procurador-geral não dará o parecer pela federalização, porque ele se coloca sempre vinculado a Jair Bolsonaro, ferindo a própria autonomia da PGR”, criticou a parlamentar. “No entanto, seguimos dizendo: esse é um crime político. Ainda que esse inquérito tenha chegado a essa conclusão, usaremos todos os recursos nos campos jurídico e político para mostrar que Marcelo Arruda é vítima do crime político e do ódio político de Jair Bolsonaro.”

O secretário nacional de comunicação do PT, Jilmar Tatto, também declarou à reportagem que o partido continuará a defender a federalização do caso. Segundo ele, “a forma acelerada com que houve a conclusão do inquérito causa espécie”.

“Considero a decisão precipitada, caminhando para as vias do absurdo. Requer cuidados e um acompanhamento bastante próximo, no sentido de fazer com que os fatos sejam todos revelados e que os verdadeiros criminosos deste ato possam ser condenados e presos.”

Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG), a conclusão da Polícia “infelizmente transformou uma força de segurança do Estado em uma força de segurança de uma ideologia política”. Ele emenda: “É inaceitável essa conclusão do inquérito. Foi por causa do alinhamento ideológico e político para aliviar o contexto da eleição do Bolsonaro”.

Aliados da candidatura de Lula à Presidência em outros partidos também repudiam a decisão da Polícia Civil paranaense. O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), entusiasta da coligação entre psolistas e petistas no plano nacional, avalia a conclusão do inquérito como “cínica e covarde”.

“Apreenderam o celular do assassino um dia antes de concluir o inquérito. Não dá nem para entender. O motivo é torpe e a motivação é altamente política, de um miliciano bolsonarista.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo