Política

Guia Alimentar: Cientistas estrangeiros defendem diretriz sobre ultraprocessados

Ministério da Agricultura sugeriu a revisão do documento e a retirada de trechos que desencorajam o consumo dos alimentos ultraprocessados

Créditos: Divulgação
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Em carta aberta enviada ao Ministério da Agricultura, 33 cientistas estrangeiros saíram em defesa do Guia Alimentar para a População Brasileira, em meio à tentativa da pasta de retirar do documento orientações que desencorajam o consumo de alimentos ultraprocessados.

Os pesquisadores estrangeiros, de universidades renomadas dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e África do Sul, citam que o texto do ministério, “evidentemente escrito sem uma compreensão da pesquisa científica sobre esse tema, levanta diversas críticas injustificadas das diretrizes da dieta brasileira publicadas pelo Ministério da Saúde”.

Ainda afirmam que o guia recomenda refeições saudáveis e que essas são constituídas por comidas frescas, preparadas com o mínimo de ingredientes processados (como sal, açúcar, óleos e gorduras). O documento foi lançado em novembro de 2014 pelo Ministério da Saúde.

“A diretriz recomenda evitar comidas ultraprocessadas. Essas são definidas precisamente pela classificação Nova. Elas incluem bebidas doces, salgadinhos e doces de pacotes, cereais de café-da-manhã adocicados, produtos reconstituídos de carne e pratos prontos para aquecer. Quanto menos desses itens forem consumidos melhor”, apontam.

Os pesquisadores atestam que a nota técnica encaminhada pelo Ministério da Agricultura não tem fundamentação válida e ainda desconsidera as consultas a nutricionistas e profissionais de todos os estados brasileiros antes da aprovação pelo Ministério da Saúde.

Na nota técnica em que pede a revisão do documento e a retirada dos trechos sobre os alimentos ultraprocessados, o Ministério da Agricultura afirma que a recomendação contra o consumo desses alimentos é genérica e obscura.

A classificação Nova utilizada é confusa, incoerente e prejudica a implementação de diretrizes adequadas para promover a alimentação adequada e saudável para a população brasileira”, diz um trecho da nota.

No documento, os técnicos da Agricultura atacam a forma de classificar a comida: “Em relação a diferenciação de ‘alimento ultraprocessado’ por meio da contagem do número de ingredientes (frequentemente cinco ou mais) parece ser algo cômico”, diz a pasta.

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