Economia

Guedes: Se quisesse ganhar dinheiro com informações do governo, teria vindo antes

Em audiência na Câmara dos Deputados, ministro da Economia negou especulação com dólar e disse que investimento em offshores é legal

O ministro da Economia, Paulo Guede. Foto: Carl de Souza/AFP
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou nesta terça-feira 23 que ele tenha usado suas empresas no exterior para especular com a alta do dólar.

Em depoimento às comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, o titular da pasta afirmou que a criação da offshore foi para que seus investimentos pudessem ser transmitidos a herdeiros em caso de alguma fatalidade e para evitar que o governo dos Estados Unidos “expropriasse” de 46% a 47% do valor.

Guedes disse ainda que não seria necessário declarar se sua esposa ou filha estavam na offshore, que seria uma “obviedade”.

“A offshore é como uma ferramenta. É uma faca. Você pode usar para o mal, para matar alguém, ou pode usar para o bem, para descascar uma laranja”, declarou Guedes.

Na audiência, o ministro ressaltou não ter investimentos em nenhuma ação brasileira fora do País. Em outubro, uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) revelou a existência de uma offshore em nome do ministro, no caso que ficou conhecido como Pandora Papers.

Aos deputados, Guedes afirmou ainda que os seus depósitos em offshore foram feitos entre 2014 e 2015 e que, depois, nunca fez nenhum novo depósito ou remessa de recursos para o Brasil e que os investimentos foram devidamente declarados à Receita Federal e ao Banco Central.

De acordo com o integrante do governo do presidente Jair Bolsonaro, se desejasse especular com o valor do dólar, não teria defendido o projeto de independência da autoridade monetária. Ele ainda pontuou que colocou em um ‘blind trust’ seus investimentos em ativos que pudessem sofrer um impacto indireto da sua gestão à frente da pasta.

O titular da Economia também confirmou que precisou se desfazer de todos os seus investimentos em empresas sob a sua administração direta antes de assumir o Ministério da Economia, em um processo que teria lhe custado mais do que o valor investido em offshore.

Quando questionado, o ministro tentou explicar a origem do patrimônio. Segundo ele, foi obtido por meio da criação de empresas como Insper, BTG Pactual e Abril Educação, além de MBAs executivos. “Eu fiz muitos investimentos e criei muitas oportunidades empresariais para muita gente”, comentou.

Guedes argumentou que teve oportunidades de participar do governo antes e que não ingressou no Executivo por oportunismo. “Se eu fosse alguém que quisesse ganhar dinheiro vindo no governo para usar informações privilegiadas, para promover meus próprios interesses, eu teria vindo muito antes”, disse Guedes.

Guedes afirmou que havia sido convidado a participar do governo na década de 1980 pelo então ministro da Fazenda Francisco Dornelles, para compor a diretoria do Banco Central. “Eu não vim aqui pelo oportunismo, ao contrário”, disse.

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