Glenn Greenwald

Greenwald: ‘Esquerda tem mensagem e programa. Falta estratégia de comunicação’

No canal de CartaCapital, o jornalista avalia o cenário para 2022 e analisa como a extrema-direita ‘dialoga com o medo’ da população

Glenn Greenwald, jornalista de CartaCapital. Foto: Reprodução
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Agora jornalista de CartaCapital, Glenn Greenwald debateu os desafios da esquerda para derrotar o presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, durante live no canal?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> da revista no YouTube, com a editora-executiva Thais Reis Oliveira. Para Greenwald, o principal problema dos partidos está na forma de se comunicar.

“A esquerda pode falar com muita clareza que o seu programa é para ajudar os pobres e não os ricos. Mas por que esse programa, que obviamente é melhor para o povo, está sendo rejeitado pelo próprio povo?”, questionou, dando como exemplo a derrota de Marcelo Freixo (PSOL-RJ) para Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro em 2016. “A esquerda tem mensagem e programa. Falta a estratégia de comunicação.”

Para o jornalista, que observa dificuldade semelhante entre as forças progressistas de outros países, temas como a violência e a igreja se tornaram obstáculos na relação dos líderes de esquerda com a população.

Apesar de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter sido reeleito e deixado o Planalto com aprovação em alta, seu candidato em 2018, Fernando Haddad (PT), perdeu a disputa para um concorrente que tinha como eixos temáticos a criminalidade e a religião.

Lula conseguiu dialogar com o povo a nível nacional, não só com o cérebro, com teorias que aprendemos na faculdade, mas com a experiência, diz Glenn Greenwald. No entanto, pode enfrentar dificuldades no próprio campo político ao ser pressionado por temas cada vez mais pautados por movimentos sociais, como o aborto.

Simultaneamente, a extrema-direita dialoga com o medo das classes populares em relação à criminalidade, um dos principais pilares que suportam Bolsonaro como candidato para a próxima eleição. Enquanto a esquerda mantiver “certa forma de distância” sobre o assunto, diz o jornalista, estará se abstendo de se conectar com temas que preocupam o povo.

“Não estou fingindo que tenho a resposta. Não quero que a esquerda fale que vai matar os bandidos”, afirmou. “Mas como a gente pode comunicar sobre o assunto é crucial, e a esquerda ainda tem o trabalho para se comunicar o máximo possível.”

STF está perto de perder a confiança do público

“É sempre difícil saber o motivo do Supremo, pelo menos para mim”, diz Greenwald sobre as intenções do STF no julgamento de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro nos processos da Lava Jato contra Lula. Para o jornalista, ainda não é possível compreender que os magistrados estão convencidos de que Moro, de fato, favoreceu indevidamente as acusações contra o petista.

Embora a Corte não devesse ser politizada, diz o jornalista, muitas ações parecem ter razões políticas em vez de jurídicas. Ele questiona, por exemplo, o caráter repentino da decisão do STF no episódio da suspeição, motivada, em sua opinião, pela situação política.

“O que o STF, agora, está fazendo? Está tentando fortalecer o Lula para desafiar o Bolsonaro, julgando que o Lula é o candidato mais forte para vencer o Bolsonaro em 2022? Talvez esse seja o motivo do STF”, avalia. “Se esse é o caso, acho que o STF vai tentar inocentar Lula de todas as formas possíveis. Mas se o STF está tentando fazer outra coisa, talvez contra Moro, ou contra a Lava Jato, pode haver outro resultado.”

Porém, o tribunal precisa preservar sua “integridade”, examina, algo que está se desgastando diante da população brasileira.

“O Judiciário depende muito da percepção pública de que os juízes estão tomando decisões baseadas na lei, e não na política. Aí, eu acho que o STF está bem perto do risco de perder a confiança do público sobre essa questão”, analisa.

Assista ao vídeo na íntegra no canal do YouTube de CartaCapital:

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