Política
“Governo se preocupa com coisas que não fazem sentido”, diz Bivar
Presidente nacional do PSL afirmou que foi o dinheiro destinado ao partido o motivo do racha entre os grupos liderados por ele e Bolsonaro


Em entrevista ao Estado de S. Paulo, o deputado Luciano Bivar (PE), presidente nacional do PSL, afirmou que foi o dinheiro público destinado ao partido o real motivo do racha entre os grupos liderados por ele e pelo presidente Jair Bolsonaro. “A cúpula do governo ficou ensandecida para pegar esse dinheiro”, disse Bivar na entrevista. “Acho uma coisa abominável”, completou, ao falar sobre a crise que rachou o partido e levou à desfiliação de Bolsonaro. Só em 2019, o PSL recebeu mais de 87 milhões, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Há quem diga que o dinheiro traz tudo, mas o dinheiro traz também um pouco de maldição. As pessoas ficam ensandecidas. Não era esse (conseguir verba do fundo partidário) o objetivo do PSL. Era alcançar o poder para realizar as reformas”, completou.
Questionado sobre como ficou a relação com o presidente Jair Bolsonaro, Bivar afirmou: “O meu objetivo, os meus esforços foram para que a gente alcançasse o poder sem nos aviltarmos. Passei mais de 15 anos de um socialismo moreno no nosso País, sem arredar o pé das minhas convicções liberais e achei que esse governo poderia dar esse viés. Mas as coisas não estão andando. Você vê que o governo não tem a habilidade para fazer as reformas que a gente precisa por uma questão de que se preocupa com coisas que não fazem sentido. Se preocupa mais com os costumes e o conservadorismo que com a economia propriamente dita”.
Sobre a possível criação do partido Aliança Liberal a tempo das eleições deste ano, Bivar afirmou que não tem mais porque fazer especulações a respeito. “Ele [Bolsonaro] escolheu o caminho dele e para mim só resta fazer o que eu sempre fiz nesses 20 anos, lutar pelos ideais que eu sempre tive. Acho que a gente teve uma oportunidade agora de mudar muitas coisas no País. Não estão acontecendo (as mudanças). É uma pena.
Ele ainda disse que o governo não tem habilidade para levar adiante as reformas que seriam feitas e afirmou que a Reforma da Previdência não atingiu o seu objetivo. “A da Previdência podia ser mais larga ainda, ela não atingiu os Estados”, declarou.
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