Governo recua e discípulo de Olavo não terá mais a chefia do Enem

Inexperiente em educação básica, o professor Murilo Resende deixou de ser diretor em menos de 24 horas. Mas ganhou cargo de assessor

Murilo Resende, exonerado da diretoria do Inep: cruzada contra o 'globalismo'

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Em mais um recuo, o governo voltou atrás na nomeação de Murilo Resende Ferreira para a chefia do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O professor havia ganho a direção a Avaliação da Educação Básica, responsável pela formulação do exame no Inep.

Embora circulasse desde o início do mês, a nomeação só foi firmada no dia 16, em edição extra do Diário Oficial. O ministro Onyx Lorenzoni sustou a medida no mesmo dia, em uma segunda edição extra da publicação.

Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, Resende se apresentava como aluno do curso online de Olavo de Carvalho e “estudioso do marxismo e do movimento revolucionário desde 2003”. Não consta em seu currículo Lattes qualquer experiência em educação básica.

O discípulo de Olavo de Carvalho caiu, mas continuará no MEC. Foi publicada na quinta-feira 17 a nomeação dele como assessor na Secretaria de Educação Superior. O gabinete cuida das políticas voltadas as universidades públicas e institutos federais, além de avaliar o desempenho de entidades privadas. O salário é de 10,373,30 reais.

Como docente, sua principal passagem é como professor da Esag (Escola Superior de Administração e Gerência), uma pequena faculdade particular em Goiânia. É autor de artigos como A praga do cientificismo e A Escola de Franfkurt: satanismo, feiúra e revolução – que lhe rendeu acusações de plágio.

Em seu site pessoal – agora apagado – ele defendia teses que põem Descartes como inventor a “ideologia de gênero”. Um outro vídeo gravado em 2016 em audiência, ele afirma que os professores são manipuladores que pregam aborto, incesto e pedofilia.


Quando falou da indicação pela primeira vez, no no dia 5, o presidente Jair Bolsonaro comemorou o fim da “lacração” nas escolas.

Procurado para esclarecer a razão da transferência, o Ministério da Educação não respondeu até a publicação.

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