Economia
Governo Lula confirma suspensão da dívida do Rio Grande do Sul com a União por três anos; entenda o impacto
Medida será enviada pelo presidente ao Congresso Nacional e poderá dar folga de R$ 11 bilhões no orçamento gaúcho; dinheiro deverá ser usado exclusivamente na reconstrução do estado


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta segunda-feira 13, que enviará ao Congresso Nacional um projeto de lei complementar que autoriza a suspensão do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União por três anos.
O estado é assolado por fortes chuvas e enchentes sem precedentes, que mataram, até a manhã deste segunda, 147 pessoas, de acordo com o boletim mais recente da Defesa Civil estadual. Mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas e cerca de 447 cidades gaúchas registraram ocorrências causadas pelo evento climático extremo.
Com a medida, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o RS deve deixar de pagar 11 bilhões de reais de imediato. O valor deve ser destinado unicamente a ações de reconstrução do estado. Neste período, a taxa de juros cobrada sobre as parcelas cairá a zero, de maneira a não fazer a dívida do estado aumentar acima da inflação.
Somados a suspensão da dívida e os investimentos diretos do governo (anunciados semana passada), o aporte federal em socorro ao estado já totaliza 23 bilhões – mesmo sem contar o perdão da dívida pelos próximos três anos.
Além do chefe da equipe econômica e Lula, participaram do encontro os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Câmara, Arthur Lira (PP). O governador Eduardo Leite (PSDB) e o vice-presidente do STF, Edson Fachin, participaram de forma remota da reunião.
“A composição da mesa aqui é a necessidade de passar para o povo do RS a ideia de que todas as instituições que tem a ver com a governança desse país, com a sustenbilidade da democracia desse país está unida em torno do RS”, afirmou Lula.
As dívidas dos entes federativos com a União – e desta para com os entes – é dos principais temas orçamentários do país. No caso do RS, por exemplo, o pagamento chegou a ser suspenso, após uma liminar do Supremo de 2022. Atualmente, a dívida do estado atinge a casa dos 90 bilhões de reais.
Em linhas gerais, a proposta do governo prevê que o dinheiro economizado deve ser integralmente destinado a um fundo público dos estados, criado com propósito específico de financiar ações de enfrentamento e mitigação dos danos decorrentes da calamidade pública, bem como suas consequências sociais e econômicas.
O dinheiro poderá ser usado para:
- obras de reconstrução;
- melhoria ou ampliação da infraestrutura afetada;
- mitigação de efeitos do fenômeno que causou a calamidade;
- contratação de mão de obra temporária;
- financiamento e subvenções para remoção de famílias e empresas de áreas de risco;
- aquisição de materiais e equipamentos e contratação de serviços necessários ao enfrentamento da tragédia.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Toffoli autoriza o Rio a pagar sem multas as parcelas da dívida com a União
Por Wendal Carmo
Pacheco defende incluir infraestrutura no PL sobre a dívida dos estados
Por CartaCapital